NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

terça-feira, 13 de abril de 2010

Lil Wayne - Rebirth


Drop the world ft. Eminem

Enquanto desfruta os primeiros meses de sua pena de um ano no presídio de Rikers Island, em Nova York, com a função de observar internos com tendências suicidas, o multimilionário astro do rap vê por trás das grades seu sétimo álbum colher as críticas mais desfavoráveis de toda a sua carreira. Em Rebirth, o rapper clama por um renascimento meramente estético, em que tenciona moldar suas canções dentro de um álbum conceitualmente roqueiro. No encarte, o jovem Dwayne Carter, 27 anos, ostenta, além de suas inúmeras tatuagens, uma guitarra elétrica sobre o colo. É tudo tão caricato e superficial quanto a agressividade que tenta emular através de versos guturais, interpretados entre o grunhido e o grito de sufoco. A angústia de Wayne, como se pode imaginar, não vai além de certos dramas por mulheres, tretas com inimigos do mundo do rap e crises egoexistenciais, em que o músico diz querer largar o mundo de lado, pegar a sua nave espacial e voar para bem longe.

Perdido entre as piores referências que poderia encontrar no rock, Wayne se aferra à sonoridade nü metal, predominante nas guitarras que passeiam pelo disco, e no pop emo de melodias assépticas cultivado por bandas como Fall Out Boy. Wayneocêntrico, atira para todos os lados sem o menor pudor, acreditando que qualquer cusparada que escorre de seus lábios torna-se arte instantaneamente. Se aqui ele não funciona como rapper, o que dizer de sua tentativa alquebrada e até certo ponto inocente de se fazer um rock star? Para Wayne, um rock star é um sujeito que grita, esperneia e faz cara de mal. Em meio a um amontoado de clichês, de fraseados vocais desconexos, de melodias previsíveis e letras tão pobres quanto sua pretensa criatividade, o artista produz um dos álbuns mais vergonhosos do ano. Salva-se apenas em Drop the world, onde a participação de Eminem serve como uma aula.

Mais aqui: http://www.myspace.com/lilwayne

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