NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

segunda-feira, 30 de abril de 2007

1° Radar

* O deserto californiano pegou fogo! Ontem o Coachella Music and Arts Festival, em sua 8° edição, presenciou a enfurecida reunião do Rage Against the Machine, que com seu arroubo de explosão cega e raivosa comparou o governo americano ao regime nazista, além de afirmar, em seu único e inflamado diálogo com a platéia, que os governantes americanos deveriam levar um tiro como qualquer outro criminoso de guerra. A banda liderada por Zack de La Rocha, apesar do discurso trapalhão, fez um showzaço e fechou com chave de ouro o festival. Bons momentos também foram presenciados na sexta-feira, com a reunião do Jesus and Mary Chain, que contou com a participação da musa Scarlett Johannson no palco, cantando a música “Just Like Honey”, em noite captaneada por Bjork, que lança seu novo disco "Volta", e pelo Interpol, que já divulga canção nova na net: "The Heinrich Maneuver". Já no sábado quem deu as cartas foram os canadenses do Arcade Fire e os donos da casa Red Hot Chili Peppers. Arctic Monkeys, Klaxons, Cansei de Ser Sexy e LCD Soundsystem também fizeram a festa do público no Coachella Valley.

* Courtney Love irá colocar a venda e leiloar os pertences de Kurt Cobain. O dinheiro obtido será revertido para instituições de caridade. “Minha filha não precisa de uma mala cheia de camisas de flanela. Ela ficou com um sweater, uma guitarra e as letras de "Smells Like Teen Spirit", disse Courtney, que prepara o lançamento de seu segundo álbum solo, entitulado “Nobody`s Daughter”. A polêmica cantora afirmou que Kurt Cobain ainda é uma influência dominante em sua vida “Ainda durmo com os pijamas dele. Como posso estabelecer algum outro relacionamento se ainda durmo com seus pijamas”.

* Enquanto isso, o eterno ex-batera do Nirvana e líder do Foo Fighters, Dave Grohl, não pára de trabalhar nas sessões para o novo álbum da banda. “Estamos em estúdio a cerca de um mês e meio, e ainda teremos mais um mês de gravações. Estamos trabalhando com nosso amigo Gil Norton – produtor do segundo álbum de carreira dos foo Fighters, "The Color and the Shape" –. Ele é um cara muito bom e produz ótimos discos. Estamos fazendo um álbum poderoso, e mal posso esperar para subir no palco e tocar estas canções, vai ser o máximo”.

* Novo álbum de Paul McCartney será lançado dia 04 de junho. As 13 faixas do novo disco, entitulado “Memory Almost Full” começaram a ser produzidas antes das sessões de gravação de “Chaos and Creation in the Backyard” – último álbum de McCartney, lançado em 2005. Com produção de David Kahne, “Memory Almost Full” conta com treze faixas e sugere, pelo nome, o estado de saturação de nossos cérebros pelo bombardeio de informações da vida moderna. O álbum será lançado pela Hear Music, um selo criado em conjunto pelas gigantes Starbucks e Concord Music Group
Tracklist:
'Dance Tonight'
'Ever Present Past'
'See Your Sunshine'
'Only Mama Knows'
'You Tell Me'
'Mister Bellamy'
'Gratitude'
'Vintage Clothes'
'That Was Me'
'Feet In the Clouds'
'House Of Wax'
'End Of The End'
'Nod Your Head'

* A Rolling Stone divulgou uma curiosa lista essa semana, que contém os 25 artistas mais subestimados pelo mundo da música. De acordo com os profissionais da revista, Tom Waits encabeça a lista dos injustiçados. Confira e opine, que banda falta aí?
1. Tom Waits
2. The Replacements
3. Cheap Trick
4. Sonic Youth
5. Warren Zevon
6. Big Star
7. The Pharcyde
8. Roxy Music
9. Talking Heads
10. Bob Seger
11. The Hold Steady
12. Fugazi
13. The Cramps
14. The New York Dolls
15. The Band
16. The Cars
17. Pogues
18. Alice Cooper
19. Dinosaur Jr
20. Sleater-Kinney
21. Husker Du
22. Devo
23. Wilco
24. Tom Petty

25. Ween

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Stripes de volta

O The White Stripes está de volta. Depois de um período de recesso, em que o guitar hero Jack White esteve à frente de sua outra banda, The Ranconteurs, os ex-vermelho e branco voltaram aos estúdios para gravar as faixas que formam o sexto álbum de carreira da dupla.

O primeiro single é a faixa título “Icky Thump”, que vazou nesta madrugada na net depois de ter sido executada na rádio inglesa XFM. Páginas de myspace já foram criadas para que os fãs possam curtir a canção, e versões da faixa já navegam livremente em sites de compartilhamento de arquivos, como o Soulseek. “Icky Thump” tem data de lançamento prevista para dia 18 de junho, mas ainda não se sabe se a Warner Brasil será a plataforma de desembarque do disquinho por aqui.

A nova faixa, por sinal, é um petardo. A crueza e agressividade dos Stripes é eletrizante e mostra a diferença entre o trabalho produzido por Jack ao lado dos Raconteurs. Dizer qual banda é melhor seria uma ingênua covardia. Jack se dedica as duas igualmente e enquanto não decola com Meg White para os festivais europeus de verão, o incansável está enfiado em um estúdio de gravação, ao lado de Brendan Benson, para finalizar o segundo álbum dos Raconteurs – ainda sem previsão de lançamento.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

BRMC - Baby 81

Surgida em 2001, época em que banners promocionais de “Is This It” eram estampados em pontos de ônibus da zona sul carioca e anunciavam o novo salvador do Rock, a banda Strokes, os americanos do Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) estavam à margem, obscurecidos pelo instantâneo e estrondoso sucesso comercial de seus contemporâneos.

Precursores da onda que viria a ser batizada de “novo rock”, ao lado do The Kings Of Leon e The White Stripes, os anticonvencionais californianos do BRMC atingiram seu maior status na Inglaterra – onde foram destaque do filme “9 Canções”, do cineasta inglês Michael Winterbotton (“Caminho para Guantanamo”), e colecionaram calorosos elogios de Noel Gallaguer, que, na época, chegou a afirmar que a banda era a única decente a fazer rock n`roll, e, portanto, seu mais novo xodó.

Descontadas as exacerbadas afirmações do falastrão líder dos Oasis, o BRMC constrói a cada lançamento uma carreira artística das mais sólidas. No vácuo deixado pelo hype a banda já acumula três Cds lançados, todos com alto prestígio e destaque pela mídia especializada. Com o lançamento de seu quarto trabalho, confirmado para dia primeiro de maio, o sucessor de “Howl” (2005), “Baby 81”, já é apontado como um dos grandes candidatos à pérola obscura do cenário alternativo.

Se “Howl” oferecia ao ouvinte um mar de influencias blues e gospel, em arranjos melancólicos, o novo trabalho retoma o caráter agressivo que os fez sair do anonimato. As belíssimas e introspectivas baladas folk dão espaço a guitarras envenenadas, esfumaçadas e urgentes. Os vocais divididos por Robert Levon Been (baixo) e Peter Hayes (guitarra) aparecem como coadjuvantes do emaranhado grotesco e belo das canções. A atmosfera caótica produzida pelo cortar de notas e solos assume o papel de destaque da obra, que conta também com baladas quase-ensolaradas, como “Windows”, “All You Do Is Talk” e “Killing The Lght

Baseados na extravagante e colorida Los Angeles é no mínimo estranho observar a estrutura sonora e visual que estes americanos estampam. Influenciados por artistas ingleses, mais notadamente do período pré-gótico, como Jesus & Mary Chain, o que os diferencia de seus antecessores é justamente a energia mais agressiva, derivada de ancestrais do pré-punk, como o incendiário The Stooges e sua lenda imortal, o iguana Iggy Pop.

Em tempos de movimentos “abaixo Bush”, bandeira hasteada por militantes esquerdistas ou não, o BRMC retoma um pouco do terreno político ou social de seu segundo trabalho “Take Them On, On Your Own”, que contava com faixas como "US Government" e "Generation". “Baby 81” é título - referencia ao bebê sobrevivente e órfão de número 81 do trágico tsunami que arrasou o Sri Lanka em 2004.

The Weapon of Choice” é o single escolhido pelo BRMC, que volta a atacar com a velha atmosfera garageira seus sedentos e fiéis entusiastas. Nove das 13 faixas que compõem o Cd já podem ser escutadas no myspace da banda. Mas pegue leve, não aumente tanto o volume do carro quando “Baby 81” estiver no playlist. Trata-se de um daqueles discos em que o acelerador avança sozinho. Etílico, inflamável e brilhante.


sexta-feira, 20 de abril de 2007

Pérola Negra

Multi-instrumentista, mais conhecida pelas notas de seu baixo. Meshell Ndegeocello é, também, cantora e dona de umas vozes mais afrodisíacas da música negra norte-americana. Seu vocal encorpado e aveludado navega mais precisamente entre o soul, funk e o R&B. No novo Ep, Article 3, no entanto, Meshell fluidifica sua musicalidade e experimenta na faixa “The Sloganeer” uma sonoridade mais próxima do rock (crú) e de levadas eletrônicas. Suas linhas melódicas intimistas cruzam os terrenos de seus ancestrais, a música africana, portanto, é registrada nos belos arranjos vocais da faixa “Shirk”.

Indicada nove vezes ao Grammy, Meshell é mais uma daquelas preciosidades obscuras, que nos ouvidos brasileiros ainda não causa eco. Desde 1993 na estrada, com o álbum Plantation Lullabies, a artista já participou em trabalhos de Madonna, fazendo backing vocals, e como baixista nos álbuns do Rolling Stones, Bridges to Babylon(1997), além de Basement Jaxx e The Blind Boys from Alabama.

Filha de pai militar e saxofonista, Ndegeocello, que significa: livre como um pássaro, nasceu na Alemanha e foi criada em Washington DC, e agora se prepara pra lançar seu sétimo Cd, The World Has Made Me The Man Of My Dreams. Enquanto o álbum cheio não vem, o Ep Article 3 é a pérola musical da vez a ser degustada.

Confira: www.myspace.com/officialmeshellndegeocello

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Young Modern

A combalida indústria fonográfica precisa de fôlego. Respirar novos ares é preciso. Mesmo cansado de ler matérias, crônicas e reportagens com estas citações, não me fiz de rogado, e eis que começo também o meu com este desgastado chavão. Utilizo o recurso apenas para ilustrar preguiça, acomodação e falta de criatividade. O que afirmam estas frases, no entanto, é fato, há mais de dez anos consumado, velho e ainda assim extremamente atual. Estranho, não?

Se a panacéia para o impasse que assombra a indústria pudesse ser garantida pela qualidade artística dos produtos que comercializa, poderíamos apontar o disco a ser resenhado como uma das possíveis e importantes soluções. Porém, como sabemos, o buraco é mais embaixo. Bem lá embaixo, se é que me entendem. Se estamos perto do fundo, não me cabe a resposta, pois a cada ano que passa parece que esse poço é infindo.

As grandes empresas de música criaram ao longo dos anos uma enorme cratera na superfície de seus negócios e tentam aplacar o problema com miraculosas soluções virtuais e tecnologias paliativas. Esperanças vencidas como a tecnologia DRM (Digital Rights Management, proteção anti-cópias) acaba de ser jogada pra escanteio pela EMI, sua criadora. A grande família dos “tones” parece ser a salvação da lavoura. Vídeo-tones, true-tones, sms-tones, ring-tones e etc. Mas isso tudo é fragmento de música, serve de enfeite decorativo e certamente não abastece ou acalenta os corações dos amantes musicais, além de não resgatar o público consumidor da era dos LPs / CDs ou de atrair a nova geração virtual.

Para a música, apontam os estudiosos, profissionais do ramo e novos artistas, nunca houve uma época mais favorável. Barateamento de ferramentas de produção de discos e um crescimento agilíssimo das ferramentas de marketing e promoção virtual. Neste contexto mutável e incerto, a boa música, “tadinha”, não tem poder para salvar a indústria que a explora. E deveria? Ruim para as majors. Bom para os amantes da música. E para as bandas, bom ou ruim? Quem responde?


YOUNG MODERN
Repulsa, amor à primeira vista e confusão. Transpor um disco em palavras é no mínimo insano. Reduzir a maestria de belas melodias à letras ocas, chapadas e inflexíveis, é tarefa ingrata. Mais ainda quando o resenhista-blogueiro se entorpece pelo objeto de analise. Aí sim, reside o medo. Está posto o paradigma da inexistente imparcialidade jornalística.

Incompreendidos e subestimados pela maioria da critica especializada, o Silverchair parece sofrer as conseqüências da acomodação e possível surdez de jornalistas musicais ao redor do globo. Pergunto constantemente à minha consciência e a colegas se não é fácil discernir e separar a qualidade artística pungente da farsa puramente mercadológica, que assalta frequentemente o mercado com bandas acéfalas e vazias.

O que pretendo por aqui, portanto, é confirmar, ou apenas salientar, que o maior trunfo do Silverchair é a capacidade criativa e inventividade de seu líder Daniel Johns. Depois de um excelente e também subestimado projeto paralelo, The Dissociatives – em colaboração com o DJ australiano Paul Mac –, Johns retorna com sua banda para o lançamento de sua obra mais ousada: Young Modern.

O trabalho já está disponível para audição completa – tanto no site oficial:
http://www.chairpage.com/, quanto no myspace: www.myspace.com/silverchair –, e até agora é absolutamente ignorado por aqui. Talvez seja preciso estampar capas de revistas britânicas ou americanas para se olhar um novo trabalho ou um artista que se reinventa. A mídia especializada, por sinal, parece a cada dia se apregoar mais a pautas definidas por datas de lançamentos, CDs recebidos, e acordos tácitos com a indústria. Sei que o assunto dá pano pra manga, mas no caso, ofereço a fruta, pois não sei quem suga quem nessa troca de delicadezas.

Com índices e rankings de venda pífios de seu último lançamento, "Diorama", no Reino Unido e nos EUA, o trio de Newcastle se tornou quase “cult”. Apreciadores famosos como Bono Vox e Billy Corgan, vocalistas do U2 e do Smashing Pumpkins respectivamente, não serviram para mudar a impressão da mídia e daqueles que outrora exaltavam canções como “Tomorrow” e “Freak".

Longe de todo e qualquer descaso, Daniel Johns mais uma vez se preocupa em fazer arte, e esta é a única faceta que ele inteligentemente preserva. A quem se propõe construir uma sólida e respeitada carreira artística, nada soaria mais óbvio do que o seguir desta cartilha. O dia a dia, no entanto, nos prova o contrário. A enxurrada de bandas que diariamente hospedam seus perfis e músicas em sites como o myspace, comprovam o perigo, além de provocar grandiosas tsunamis de desorientados e candidatos a “gênio”. De forma avassaladora, deságuam diariamente no oceano da mediocridade trocentas bandas por segundo, uma tremenda “banda larga”.

Johns e cia., porém, fazem parte de outro time e não precisam se preocupar. Young Modern, quinto disco de carreira, deve ser degustado sem apego a sabores e essências musicais testadas anteriormente pela banda. O novo trabalho provoca, no ouvinte casual ao mais fanático dos fãs, sentimentos desencontrados e paradoxais, e é isso que torna interessante a viagem.

Constituído a partir de demos, produzidas em 2005, o novo álbum chegou a ser apresentado como um possível trabalho solo ou um disco duplo – boato desmentido pelo artista em entrevista a Rolling Stone, em abril de 2006. Ciente de que as canções funcionariam melhor como uma banda, os velhos parceiros Chris Joannu e Ben Gillies foram novamente convocados. Durante o ano passado alguns shows serviram de teste para as faixas do novo repertório. Com as demos produzidas e devidamente testadas, a banda partiu para Los Angeles afim de gravar as versões finais com o produtor Nick Launay (Talking Heads e Midnight Oil), no Seedy Underbelly Studios.

Durante as sessões novas músicas foram escritas e, mais uma vez, a banda contou com a preciosa colaboração de Van Dyke Parks – fiel parceiro de Brian Wilson na obra prima Smile – que produziu suntuosos e cinematográficos arranjos de cordas, para as faixas “If You Keep Losing Sleep”, “Those Thieving Birds part 1 e 2” e “All Across the World”. As faixas orquestradas por Van Dyke Parks e executadas pela filarmônica de Praga soam como trilhas sonoras clássicas dos estúdios Disney. Fantasiosas, belas e inventivas, estas canções revelam a capacidade de Johns em produzir músicas sinestésicas, complexas e, ainda assim, extremamente palatáveis.

No decorrer das onze faixas de Young Modern, o líder do Silverchair não descansa um minuto. Assume personagens, vocais excêntricos, melodias e métricas deliciosamente tortas. A cada canção uma nova banda surge e levanta duas questões indissociáveis: o Silverchair acabou? Ou ainda, o que é o Silverchair? Apenas um fluxo de criatividade musical. Não se trata de um ciclo, refluxo ou regurgito, pois Johns não recorre ao seu passado, mas sim, se reinventa.

Do alto de seus 27 anos, o cantor e seus comparsas, na verdade, são várias bandas, e soam no final como uma coesa obra músico-circense. Repleta de elementos lúdicos e delicados, os músicos optam por explorar os limites visuais que podem oferecer através de suas canções. Efervescentes cenários, como a Bollywood indiana – centro cinematográfico de Bombay, que produz mais filmes anualmente do que a Hollywood norte-americana –, são algumas das referências que Johns utiliza para ilustrar aquilo que quer em algumas das faixas.

“Mind Reader” e “The Man Who Knew Too Much” são as canções mais fortes de Young Modern. As guitarras de Johns, agora Fender, atiram secas, precisas e sem tanto peso. As distorções dão lugar a criatividade rítmica, que fazem o ouvinte dançar – instinto e intuito primevo do Rock n`Roll. “Low” e “Waiting all the Day” seguem a cartilha da simplicidade. Poucas e doces notas musicais conduzem estas duas pérolas, estruturadas no que há de mais simples e necessário numa boa canção pop: melodias acima da média.

O primeiro single do álbum “Straight Lines”, que há cinco semanas lidera os charts de musica australianos, fez do Silverchair a primeira banda da história a emplacar cinco singles em primeiro lugar na terra dos cangurus. A épica canção, no entanto, apresenta uma atmosfera bem diferente do restante do álbum.

John Lennon, Roy Orbinson, Talking Heads e Midnight Oil, foram os artistas cunhados por Johns para sintetizar os anseios do novo trabalho. Porém, o que se ouve é Beach Boys, Rolling Stones e Walt Disney. Sem o escapismo ingênuo de Diorama (2002), Young Modern retrata o Silverchair na sua melhor tentativa de extravasar seu pop psicodélico, original e, talvez, inimitável.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Doce Delírio

Formada por Fred (voz), Fernando Aranha (guitarra) e Bernardo Fonseca (baixo), a banda Invasores realiza em seu primeiro trabalho (álbum ou ep) um tratado psicossociológico dos mais atuais. O caos, a paranóia e fragmentação de sentidos característica da pós-modernidade se desenlaçam com absoluta clareza através de afiadíssimas letras e melodias. Ao retratar um painel no qual o Rio de Janeiro é ponto de partida, a banda envereda o ouvinte ao epicentro de uma fatalista visão urbana, repleta de conflitos e reflexões pessoais.

Fred produz os versos mais inventivos e bem delineados da cena nacional. Sua artilharia verborrágica, no entanto, não é sua única arma. Dono de uma voz poderosa o CANTOR interpreta vorazmente cada faixa, e desenvolve habilmente suas idéias sob a rajada de notas musicais alvejadas por seus parceiros de banda, Aranha e Fonseca – ambos integrantes do Engenheiros do Hawaii.

A influência de artistas como Red Hot Chili Peppers, Incubus e The Roots ecoam muito além da obviedade através do minimalismo e dos experimentos na guitarra de Aranha, das envenenadas e contundentes linhas de baixo de Fonseca e da urgência vocal de Fred. Como uma bomba recheada de idéias musicais explosivas, o trio carioca nos conduz à leveza de iluminações espirituais – como em “Shao Lin” –, e a visualizações cinematográficas acachapantes, caso das faixas “Polícia” e “João e Maria”.

Um choque entre realidade e subjetividade é proposto. Cada canção dos Invasores funciona como um tapa na cara, que ao invés de sugerir retomada de consciência confunde e entorpece ainda mais o ouvinte. A arte do improviso é a essência que a banda captura neste ep (ou álbum). Produz-se assim um álbum coeso e certeiro, inspirado e composto a partir de enfurecidas “jam sessions”.

O resultado final deixa claro o abismo que separa bandas que saem da internet e outras que ainda optam por viver de Arte. “A tragédia do cotidiano, é comédia na vida privada”, assinala o refrão de “João e Maria”, ratificando a multiplicidade de idéias de uma banda madura, que exerce com poética maestria o frescor de sua tresloucada musicalidade.

Confira: www.myspace.com/docedelirio

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Dá um "chêro" no Pai!

* A polêmica entrevista de Keith Richards ao jornalista Mark Beaumont da NME circulou o mundo pelos principais e mais diversos veículos de comunicação. O guitarrista do Rolling Stones afirmou ter cheirado as cinzas de seu pai, misturadas à cocaína. Perguntado pelo repórter sobre qual a coisa mais estranha que ele havia cheirado, Richards respondeu: – A coisa mais estranha que cheirei foi o meu pai. Ele foi cremado e eu não pude resistir. Ele não teria ligado à mínima. Me fez muito bem, ainda estou vivo – disparou. A setença contém todo o requinte e princípios que norteiam o melhor do humor-negro.
A tragicômica explanação do “stone” chamou atenção da BBC, The Associated Press, Forbes, E! Online, Globo e etc. Todos publicaram em seus impressos ou sítios virtuais a inacreditável história. A American Thinker descreveu da melhor maneira o fato. Tratou a revelação como um ato de “canibalismo edípico”. É, Richards ainda esta vivo. Entrevista na íntegra: http://www.nme.com/news/the-rolling-stones/27531

* Green Day, Bad Religion e o Blink 182 estão cotados para participar de um documentário sobre a cena punk dos anos 90. Produzido pela produtora independente australiana Robot Academy Films, o filme “One Nine Nine Four” tem lançamento previsto para 2008. Dois film-makers estão morando em Los Angeles para fazer entrevistas e pesquisar arquivos de áudio e vídeo. O filme conta com a narração da lenda do skate Tony Hawk e também com a participação das bandas Rancid, Offspring, Lagwagon e NOFX.

* Os canadenses do Tokyo Police Club farão sua estréia na televisão americana dia 19 de abril, no programa de David Letterman. A banda que anda super “hypada” – obviamente constou na recente lista de apostas para 2007 do semanário NME – anda fazendo sucesso nos EUA com o seu Ep “A Lesson in Crime”. A banda se apresenta esta semana no Bowery Ballroom em Nova Iorque, fazendo o show de abertura para os americanos do Cold War Kids – também apontada pela NME, como uma das melhores bandas americanas surgidas recentemente.

Confira: www.myspace.com/tokyopoliceclub e www.myspace.com/coldwarkids

* Parece que as bandas de rock andam desapontadas com a produção de video-clipes. Incubus, Silverchair, Placebo e, agora, o Bloc Party deixaram de lado orçamentos estratosféricos e mirabolantes idéias de film-makers, para apostar na exultante criatividade de sua base de fãs. Para a versão final de “I Still Remember”, o Bloc Party conta com seus fãs, que devem produzir vídeos e os postar no YouTube. A idéia da banda é que os visitantes possam comentar e classificar as produções audivisuais de seus pupilos. A partir de uma pré-seleção, a banda irá escolher seus vídeos favoritos e edita-los em conjunto, produzindo assim um belo vídeo-picadinho. Corra miguxo, pegue sua câmera digital!

* É, a coisa ta feia. A cidade que “lançou” o movimento grunge e bandas como Nirvana e Pearl Jam, no início dos anos 90, abriga agora em seu mais famoso festival, o Panic! At the Disco, como banda principal. Ao lado de The Shins e Wu Tang Clan, o Panic! comandará a parte musical do Bumbershoot Music & Arts Festival, em setembro na cidade de Seattle. O festival que tem mais de 40 anos oferece palcos dedicados a comediantes, peças teatrais, espetáculos de dança e artes visuais. Olhando bem, parece que o Panic! é um bom nome para isso.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Imagine só

– O famoso piano branco de John Lennon está em turnê. Sim. O piano que o líder dos Beatles compôs o hino pela paz "Imagine" percorre locais marcados por importantes fatalidades e violência.
O piano que é de propriedade do cantor George Michael foi fotografado ano passado em Grassy Knoll, em Dallas, local onde o ex-presidente norte-americano John F. Kennedy foi assassinado. Amanhã o piano será fotografado em homenagem ao triségimo nono aniversário do assassinato de Martin Luther King, em Memphis, Tenessee. Há planos para um documentário e um álbum de fotos, cujo lucro seria revertido a instituições de caridade. Quem sabe o piano de Lennon não vem passear no Brasil. Que personalidade morta cruelmente na “brasilândia” mereceria as homenagens do piano branco?

– O Satellite Party está confirmado para comandar os palcos do O2 Wireless Festival, entre os dias 14 e 17 de junho. A nova banda de Perry Farrel comandará os palcos do Hyde Park, em londres, e no Leeds Harewood House, ao lado do White Stripes, Queens of the Stone Age e Air. Line-up abaixo:
London Hyde Park:
The White Stripes, Queens Of The Stone Age, Air, Satellite Party (14)
Faithless, Badly Drawn Boy, Just Jack, Kelis (15)
Daft Punk, CSS, LCD Soundsystem, Plan B, New Young Pony Club, Calvin Harris, Simian Mobile Disco (16)
Kaiser Chiefs, Editors, The Rakes, The Cribs, The Twang, The Films, The Little Ones, Ripchord, The Duke Spirit and Polysics (17)

Leeds Harewood House:
The White Stripes, Queens Of The Stone Age, Satellite Party (15)
Kaiser Chiefs, Editors, The Rakes, The Cribs, The Twang, Plan B, The Duke Spirit and Polysics (16)
Daft Punk e CSS (17)

– Os californianos do Black Rebel Motorcycle Club irão comandar, ao lado do The Charlatans e do Travis, os shows do Camden Crawl Festival, dias 19 e 20 de abril em londres. A banda que prepara o lançamento de seu quarto e ótimo disco, "Baby 81", se junta a nomes como o The Cooper Temple Clause, que lançou no início deste ano o seu “quase fantasma” terceiro disco, “Making this your Own”. O álbum traz uma interessante mistura de vocais, por parte de Daniel Fisher e Tom Bellamy. Pouco observado, devido a falta de apoio da Sanctuary Records, canções poderosas como “Damage”, "Homo Sapiens” e “Head” podem cair na obscuridade, o que é uma pena, já que o Cooper Temple Clause faz um mix dos mais interessantes de rock, pop e eletrônica.
Confira:
www.myspace.com/blackrebelmotorcycleclub
www.myspace.com/thecoopertempleclause

– O Mystery Jets prepara lançamento de “Zootime”, apenas para o mercado americano. O álbum combina canções inéditas e destaques do álbum de estréia, “Making Dens” (2006). As novas faixas foram produzidas pelo produtor indie/dance Erol Alkan.
Confira:
www.myspace.com/mysteryjets

segunda-feira, 2 de abril de 2007

1° tempo

* Depois da "premiere" em janeiro deste ano no X Games, em Aspen, Perry Farrel e sua nova banda, The Satellite Party, também apresentaram suas novas músicas em um dos palcos do festival texano South by South West (SXSW). O festival que conta com apresentação de mais de 1500 bandas, além de conferências sobre mídia e música, recebeu o Satellite Party, que agendou para o dia 15 de maio o lançamento de seu álbum Ultra Playloaded.

Liderado por Perry Farrel, o Satellite Party conta ainda com o virtuose Nuno Bettencourt e traz uma inusitada combinação de parcerias musicais. A banda capta influencias de rock, eletrônica e pop. O “satélite” do ícone do engajamento alternativo, Perry Farrell, é transmitido com ajuda dos sinais sonoros de, Jim Morrison – um dos últimos e inéditos takes do vocal do The Doors –, Flea e John Frusciante (Red Hot Chili Peppers), Fergie (Black Eyed Peãs), Peter Hook (New Order/Joy Division), Hybrid, Thievery Corporation, Peter DiStefano (Porno For Pyros) e Harry Gregson Williams (Chronicles of Narnia, Kingdom of Heaven). Três faixas do novo álbum já podem ser conferidas no myspace da banda: http://www.myspace.com/satelliteparty

* Quem apresenta canção nova esta semana é Chris Cornell. Recém saído do Audioslave, Cornell já disponibiliza em seu myspace trecho da faixa “No Such Ting”, além da chatinha e batida canção do filme "007 Cassino Royale", “You Know My Name”. Confira: http://www.myspace.com/chriscornell

* O Bloc Party também arma sua invasão norte-americana. Na mesma semana que o Kaiser Chiefs, a banda liderada por Kele Okereke anuncia que “tentará a sorte” nos EUA. Em terras dominadas por Fall Out Boys, Panic! At the Disco e My Chemical Romance, o Bloc Party tenta ser notado pela juventude do cenário rock estadunidense. Para a tour a banda recrutou o The Maccabees e a ótima banda The Noisettes – que lança o álbum What's the Time Mr. Wolf? dia 17 de abril, mas com certeza você já encontra na net.
Confira: http://www.myspace.com/noisettesuk e http://www.myspace.com/maccabeesmusic

* Um gaiato anda se passando pelo baixista do RHCP, Flea, e propagando mensagens racistas no site myspace. – Me sinto muito mal, que alguém propague mensagens racistas, e pior ainda, utilizando o meu nome. Se alguém tiver contato com esse idiota, por favor saibam que estou fazendo o que puder para acabar com isso – disse. Em tempo, Frusciante também está irritado. O guitarrista ficou furioso com a platéia da cidade de Oklahoma, após vaiarem o show do rapper e parceiro Mick Avalon. – As pessoas que vaiaram Avalon também estão vaiando nossa banda e a si mesmos. Vaiar uma pessoa é em primeiro lugar um desrespeito ao humano. E mostra o quanto vocês não tem noção de quanta coragem é necessária para subir num palco e abrir um show diante de 10.000 pessoas – disparou Frusciante, numa carta quilométrica.
Confira a carta: http://www.stereogum.com/archives/004987.html

* Os nova-iorquinos do Robbers On High Street anunciam para julho seu mais novo álbum: Grand Animals. O disco conta com a produção de Daniele Luppi, mais conhecido por seus trabalhos ao lado de Danger Mouse e pelos arranjos de cordas do álbum St, Elsewhere do Gnarls Barkley. A banda já organiza a nova tour, que terá a participação do Fountays of Wayne.
Confira: http://www.myspace.com/robbersonhighstreet

* O Queens of the Stone Age foi anunciado como uma das atrações do próximo Oxegen Festival, programado para rolar na Irlanda em julho. A banda que prepara o lançamento de seu quinto álbum Era Vulgaris – com participação especiais de Julian Casablancas (The Strokes) e Trent Reznor (NIN) – se junta aos já confirmados: Muse, Snow Patrol, Scissor Sisters, The Killers, Razorlight, Arcade Fire e Amy Winehouse, entre outros. Confira: www.oxegen.ie

Era Vulgaris: O fiel colaborador Mark Lanegan também emprestará seus vocais na canção “River in the Road”. “Make it Witchu” é a música da vez, retirada das famosas Desert Sessions. Depois de uma audição especial para fãs e imprensa, a NME definiu o novo álbum como mais coeso do que o antecessor Lullabies to Paralyse.

* A campanha e “reality game” idealizada pela 42 Entertainment e Trent Reznor para o novo disco do Nine Inch Nails, Year Zero, anda gerando polêmica com membros da RIAA (Recording Industry Association of América). A associação “descobriu” a intencionalidade de Reznor em deixar “vasar” algumas canções do novo álbum. Reznor, desde fevereiro, distribui pen-drives contendo canções do novo álbum em cabines de banheiro, nas casas de show que a banda se apresenta – as músicas Survivalism, Me I`m Not, Violent Heart e In this Twilight foram achadas por fãs portugueses, espanhóis e ingleses. A RIAA ordenou a sites que mantém os mp3 ativos, que retirem os arquivos do ar, além de repreender a atitude de Reznor. Esses engravatados hein... tsc tsc.