NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

quarta-feira, 23 de maio de 2007

A volta dos que não foram

Em meados dos anos 90, a influência grunge começou a perder sua força, ícones e espaço na mídia. Kurt Cobain se suicida, Laney Staley se desintegra nas drogas, o Soundgarden se desfaz e as camisas de flanela, emblema de um “movimento”, pouco a pouco vão sendo guardadas e depositadas nos armários de jovens americanos e de todo mundo. Porém, em Nova York, mas precisamente na Escola de Artes Cênicas, Julliard School, dois aspirantes a atores se encontram. São eles: Dimitri Coats – filho de um professor de física e de uma mãe polonesa, nascido e criado entre viagens a Europa e cidades da costa leste americana –, e Melaine Campbell – nascida e criada em Dallas, Texas –, e pretendente a bailarina profissional, aluna da Hartford Ballet.

Em Julliard estudam Shakespeare e outros clássicos da literatura, ensaiam sem parar e utilizam uma infinidade de “aditivos”, naturais e sintéticos, de toda procedência a fim de testar seus impulsos em busca de expressão e fruições artísticas profundas, seja lá o que isso quer dizer. Rapidamente se apaixonam e percebem a obsessão mútua por música e a afinidade de gosto por bandas. Beatles, Kinks, Black Sabbath, Stooges, MC5, Nirvana e Sonic Youth, são os ingredientes básicos que vão sendo adicionados aos experimentos sonoros de Dimitri. Juntos deixam a Julliard School, e num rompante confuso e pós-adolescente seguem em busca de mais liberdade para a vida a dois que se inicia. Transposição de regras, aventuras libertinas, viagens narcóticas fazem os dois popmbinhos se tacarem nas estradas da vida, a procura de um lugar barato o bastante para que pudessem guardar os discos de vinil de Dimitri, instrumentos musicais e os gatos do casal.

Estamos em 1997. Início de uma trajetória incerta de mais uma banda alternativa americana. Até então, a futura “baixista mais quente da cena” não tinha a mínima idéia do que seria tocar um instrumento musical. Em uma rápida e mal intencionada visita à casa de seus pais, ela decide roubar a guitarra e um amplificador de seu irmão e compra seu primeiro baixo. Alimentada pelo sonhador Coats, Melanie começa a aprender a tocar o instrumento, a fim de poder acompanhar as músicas do namorado. Centenas de devaneios melódicos e impulsos criativos depois, começam a alinhavar o sonho mútuo de rodar o mundo em cima de palcos mambembes e se atochar em clubes cavernosos da Europa e dos EUA. Começam a partir daí uma peregrinação “kerouaquiana”, cujo autor de On the Road ficaria orgulhoso. Sua influência nômade e libertária pelas estradas norte americanas é posta em prática literalmente pela dupla.

Partem de Nova York rumo a São Francisco. A cosmopolita cidade californiana, porém, não é compatível com os bolsos furados do casal. Decidem então se instalar em Portland, no estado do Oregon. Mas ainda não é tempo de satisfação e a cinzenta e industrial cidade é o estopim para uma crise depressiva de Dimitri e, uma subsequente tentativa de suicídio. Certos de que a chuvosa Portland não era o ambiente ideal, voltam para a costa leste e se instalam na cidade de Boston, no Maine, cidade onde Dimitri fora criado. Surpreendentemente, depois de dois meses, eles se cansam do lugar e partem para a Filadélfia. Instalam-se numa pequena casa e passam a divulgar no boca-a-boca seus próprios shows. As casas começam a encher e a banda começa a abrir shows de artistas famosos, como Marilyn Manson, Melvins e J. Mascis and the Fog. Em 1999 acertam a escolha do primeiro baterista oficial, Mike Ambs, e excursionam com os amigos do Delta 72, e com os, até então novatos, White Stripes.

Gravam seu primeiro disco num período de oito dias, desembolsando pífios cinco mil dólares, e em 2001 o lançam pelo selo indie de Chicago, File 13, propriedade de amigos que os dão uma força. A partir daí um sem número de inferninhos e clubes de pequeno porte os recebem para tocar, e a banda aproveita para vender discos no porta malas de sua decrépita van. Recrutam Jason Kourkounis, baterista do Hot Snakes, e assinam com a gravadora V2, depois de serem tentados por propostas de diversas grandes companhias, que relança em setembro de 2002, Fall of the Plastic Empire.


O álbum, totalmente concebido e produzido numa garagem, tem cheiro e soa a combustão motora. O vocal urgente de Dimitri incendeia melodias punk/metal, numa sonoridade derivada da era Bleach do Nirvana, riffs sabbathianos e Stooges, tudo isso adicionado a uma atmosfera de cidades cinzentas, caos, fumaça e barulhos distorcidos por big muffs russos e wah wahs envenenados. Excursionam novamente por mais dois anos ininterruptos, acompanhando turnês de bandas consagradas mundialmente, como Queens of the Stone Age e Audioslave, além de percorrer a América através do festival itinerante Lollapalooza, em 2003.

Começam então a gravar o primeiro disco por uma grande gravadora e com um bom orçamento cobrindo as despesas. Escolhem George Drakoulias (Black Crowes) como produtor e investem pesado no Ocean Studios em Los Angeles. Estão prontos para estourar, e em cada show pela Europa e EUA a explosão inovadora do trio segue arrebatando fãs. Arranjos inovadores, combinações de diversos amplificadores e guitarras, experimentos mirabolantes para cada faixa do álbum. Músicas, uma a uma, lapidadas de acordo com a necessidade de cada melodia, ou seja, pianos, gaitas, baixo, batera e muitas guitarras são adicionadas.


Amigos, como o cantor Mark Lanegan, aconselham Dimitri a não limitar suas influências, o que leva nosso aspirante ao trono de guitar hero deixar fluir suas inspirações musicais para as mais diversas vertentes, sem preocupações acerca da unicidade estética e sonora que o novo trabalho deveria ter. Diversidade musical era o lema da vez e um novo estilo de composição era testado. Grandes álbuns da história do pop/rock serviram de conceito, canções com estruturas bastante diferenciadas umas das outras faziam a cabeça de Dimitri, que buscava produzir canções aos moldes de clássicos, como Rubber Soul (Beatles), Let it Bleed (Rolling Stones) e Village Green Preservation Society (The Kinks).

“Leave no Ashes”, no entanto, pega carona em sonoridades que vão de Nirvana a Oasis, Queens of the Stone Age a AC DC. Certamente foi um dos lançamentos menos observados do ano de 2004. No Brasil, então, pouquíssimas pessoas tiveram a oportunidade de ouvi-los. A gravadora que os contratou – V2 Records, que fechou as portas em 2006 –, resolveu abortá-los de sua linha de divulgação, propaganda e promoção e, após excursionar com a A Perfect Circle e, com os novos reis do metal, Mastodon, a banda entra em colapso, o casal se separa e o baterista Jason Kourkounis se retira da banda.

Não era o fim do jogo, mas sim, hora de lavar a roupa suja. O grupo aborta as turnês por quase um ano. Tempo suficiente, no entanto, para mais um impulso nômade. Instalado em Los Angeles, Dimitri começa a compor novas canções, fazer shows locais e batalhar com sua ex-gravadora o direito de receber uma boa grana, como parte do encerramento do contrato. Com o dinheiro ganho um novo disco é produzido e gravado por Dimitri, que se reconcilia com Melanie e recruta o baterista Pete Beeman para a mais nova etapa. Talvez pela frustração de ter batido na porta do sucesso e não ter sido reconhecida, como muitos de seus contemporâneos, em sua grande maioria inferiores musicalmente aos Burning Brides, o que se ouve no novo trabalho do trio é uma volta as raízes garageiras.

“Hang Love”, que já vazou na net, mas só será lançado em meados de junho, é menos criativo em sonoridades do que seu antecessor, “Leave no Ashes”. O disco tem uma produção menos polida e inventiva, assinada pelo próprio líder da banda Dimitri Coats, que investe em um som mais pesado, denso e, talvez por isso, infelizmente não leva a crer que a banda conseguirá sair do lamacento cenário alternativo norte-americano. O Burning Brides navega uma década antes da explosão de retomada grunge que deve desembocar em alguma década futura.


Contratados por um pequeno selo, Modart Recordings, “Hang Love” será distribuído pela Caroline e aterrisa nas rádios com o bom single “Waring Street”. Os Burning Brides começam do zero novamente e, para os que não o conhecem, ainda há chance de correr atrás de seus discos anteriores em benditos programas como Soulseek e E-mule. Não perca tempo, procure pelos incansáveis nômades norte-americanos.

Acesse: www.myspace.com/burningbrides

terça-feira, 15 de maio de 2007

Feist - The Reminder

Canadense, trinta e um anos, conhecida da cena indie internacional desde o final da década de 90, Feist lança seu terceiro e ótimo disco, “The Reminder”. Suas primeiras aparições no cenário musical datam de 1995. Nesta época a cantora que hoje empresta sua doce voz a melodias suaves, se estrebuchava atrás de pedestais e microfones de uma banda punk, da cidade de Calgary, chamada “Placebo”. Em 2000, cansada dos desgastes e inferninhos canadenses, a cantora resolveu recuperar os danos causados a sua voz e fez as malas para Paris.

Na inspiradora capital francesa a artista dividiu APs com a polêmica e sexualizada cantora canadense e, hoje, radicada em Berlim, Peaches e com o futuro produtor de seus dois últimos álbuns (“Let It Die” e “The Reminder”), Gonzáles. Os três se mudaram para Berlim, onde Peaches e Feist formaram uma banda chamada “Bitch Lap Lap”. Depois de dois anos na Alemanha e de participar dos álbuns, “Feel Good Lost” e “You Forgot It in People”, da banda canadense Broken Social Scene, Feast novamente se mudou para Paris, onde gravou seu segundo e aclamado álbum solo, “Let It Die”.

O Cd, que vendeu mais de quatrocentas mil cópias, já apresentava a rica combinação de jazz, bossa nova e indie rock, encontrada com mais profundidade e beleza em seu novo álbum, “The Reminder”. Lançado dia 23 de abril na Europa, o novo trabalho estreiou na décima sexta posição no principal chart da indústria fonográfica norte-americana, o Billboard 200, e catapulta a artista pra fora de seu metiê alternativo.

“The Reminder” é um álbum delicado, repleto de canções que soam misteriosamente melancólicas através da límpida e cortante voz de Feist. Diferente de seus dois álbuns anteriores, este projeto conta com a participação da artista na composição de praticamente todas as suas treze faixas, exceto em, “Sea Lion Woman”, que, diga-se de passagem, poderia ter sido limada sem quaisquer danos a obra. As deliciosas, "My Moon My Man" e "1234" – os dois primeiros singles escolhidos –, revelam a quietude minimalista e o despojamento da produção de Gonzáles.

Sem ligar a mínima para as doutrinas de sua originária cena indie, onde o raciocínio estreito leva a crer que qualquer ambição comercial é sacrilégio ou heresia, Feist realiza um álbum palatável, com pérolas pop capazes de fazer a alegria de DJs de boas FMs ao redor do mundo. Intimista como Charlotte Gainsbourg, exuberante como as recriações da banda francesa “Nouvelle Vague”, “The Reminder” navega entre a bossa nova, o folk e o minimalismo eletrônico, ou, o downtempo.

Canções de amor reverberam livremente através de seus vibratos potentes e linhas vocais seguras e claras. Nada disso credencia o álbum como um dos melhores do ano ou coisas do gênero. Apenas acalenta ouvidos e corações calejados e ansiosos por momentos de plena solitude e deleite musical.


Confira: www.myspace.com/feist

sexta-feira, 11 de maio de 2007

1° Radar

* Amy Winehouse e Prince estão prestes a tecer colaborações musicais. Ontem a noite em seu show, no KOKO, em Londres, Prince, além de apresentar covers de Gnarls Barkley (Crazy), e hits como 'U Got The Look', 'Kiss', 'Cream' e 'Let's Go Crazy', entoou canções de Amy Winehouse, 'Love Is A Losing Game' e se declarou fã da nova diva. – Respeitem Amy Winehouse! Que voz! –, disse.

Sob efeito dos rumores acerca dos elogios e convites de Prince, Winehouse deixou claro sua ansiedade – Desmarco tudo o que tiver –, disse a cantora. Prince se prepara para uma série de 21 apresentações na novíssima casa de espetáculos inglesa O2 Arena. O cantor ainda rerspondeu às questões sobre a escolha de fazer suas apresentações no Reino Unido, afirmando que “Nada acontece na América!”. Chegue mais Mr. Purple Rain, e traga também a senhorita Winehouse. Aqui acontece um monte de coisa. Sanguessuga, mensalão, Papa Bento e muito mais! Emocionante.

* Os escoceses do The View, novo xodó da NME, mais uma vez tiveram que adiar suas pretensões de assaltar os ouvidos da garotada norte-america. O lider da banda, Kyle Falconer, teve seu visto negado pela embaixada dos EUA. A primeira tentativa da banda de tocar em solo americana, em fevereiro, também foi impedida, devido a posse de cocaina encontrada nas calças largas do moleque Kyle. Sim, o moleque gorducho, do alto de seus 20 anos, queria cruzar o atlântico e transportar consigo alguns papelotes de pó de mico.

Os outros integrantes, no entanto, negaram que o novo problema tenha rachado as estruturas da banda e Kyle disse que o grupo agradeceu pelos dias de folga. Rumores de que o baixista Keiren Webster teria se indisposto com Kyle também foram desmentidos. Webster lembrou, em entrevista, como conheceu Kyle nos tempos de colégio, em que o futuro cantor do the View era apenas mais um skatista que ouvia hip-hop. – Ele parecia um merda. Mas me apresentou o Oasis. A partir daí tudo começou – disse. A banda comandará o palco NME/Radio 1 no Reading Festival deste ano, que ocorre entre os dias 24 e 26 de agosto.

Confira: www.myspace.com/dryburgh

* Fãs do My Chemical Romance e do Muse ameaçam dono de um café, na Virginia, EUA. Envenenados por conta de uma refeição, membros das duas bandas passaram mal e foram direto para o atendimento hospitalar. Diversas datas da turnê que as bandas faziam juntas nos EUA foram canceladas, depois do ocorrido – último dia 29 de abril.

Envenenamento por salmonelas, foi o diagnóstico apresentado para explicar os sintomas de febre, diarréia, dor de barriga, enjôo e vomitos. O dono do Green Leafe Café, na cidade de Williamsburg, Glenn Gormley, declarou que recebe desde então ameaças de morte por parte de fãs das bandas, que julgam o pequeno comerciante da Virginia como culpado, que acabou com a diversão da garotada. O caso está sendo investigado por oficiais de saúde do estado da Virginia.

terça-feira, 8 de maio de 2007

2° Radar

* Turnê dos infernos e lançamento de single. Marilyn Manson e Slayer se reúnem, a partir de julho, para uma tour em conjunto nos EUA. O último trabalho do Slayer, “Christ Illusion”, lançado em meados do ano passado teve turnê promocional realizada no Brasil, no RJ e em SP. Já Marilyn Manson se prepara para o lançamento de “Eat Me, Drink Me”, previsto para sair dia 05 de junho, lá fora. O novo clipe de Manson caiu hoje na rede, o single “Heart Shaped Glasses” mostra a tendência mais pop do novo trabalho. O vídeo conta com a participação de sua namorada, Evan Rachell Wood, e mostra cenas iniciais de Manson fazendo sexo som sua princezinha gótica. O clipe foi dirigido pelo cineasta James Cameron (Titanic).
Confira:
http://www.youtube.com/watch?v=14FxS5x8oFw


* As musicas do, “sem saco nenhum de esperar”, novo Cd dos Guns and Roses, “Chinese Democracy”, vazam na net há alguns anos, na grande maioria das vezes são demos fakes, apresentações ao vivo, trechos de canções e etc. Esta semana, porém, temos um “vazamento oficial”. Oh! Depois de treze anos de espera e orçamentos estratosféricos, cinco musicas masterizadas, mixadas, ou seja, prontas, caíram na rede. São elas: “The Blues,” “IRS,” “Madagascar,” “There Was a Time,” e “Chinese Democracy”. Agumas críticas pesadas e negativas já rondam a rede. Ponha o Soulseek para trabalhar!

* A voz de 2006, Cee-Lo Green, do Gnarls Barkley se prepara para uma empreitada no mundo dos negócios. O artista esta lançando sua própria gravadora, Radiculture, que sera distribuida pela Atlantic Records, e por sua vez, no Brasil, pela Warner. – Estou no mercado da música há muito tempo. Passei por momentos inesquecíveis e outros desapontadores. Estou ansioso para passer as lições que aprendi ao longo da Estrada – disse Cee-Lo a Rolling Stone.

* Chart Show:
Cds mais vendidos desta semana, no Reino Unido:
1. Arctic Monkeys - Favourite Worst Nightmare
2. Michael Buble - Call Me Irresponsible
3. Amy Winehouse - Back To Black
4. Mika - Life In Cartoon Motion
5. Mark Ronson – Version
6. Ne*Yo - Because Of You
7. Cascada - Everytime We Touch - The Album (All Around The World)
8. Avril Lavigne - The Best Damn Thing
9. Natasha Bedingfield – Nb
10. Nelly Furtado – Loose

Chart de singles (Reino Unido) apresenta colaboração de Shakira e Beyoncé em primeiro lugar. É a parada lá também não anda as mil maravilhas. Confira:
1. Beyonce & Shakira- 'Beautiful Liar'
2. Manic Street Preachers ft Nina Persson- 'Your Love Alone Is Not Enough'
3. Gym Class Heroes- 'Cupid's Chokehold'
4. Timbaland/ Furtado/ Timberlake- 'Give It To Me'
5. Avril Lavigne- 'Girlfriend'
6. Ne-Yo- 'Because Of You'
7. Mika- 'Love Today'
8. Mark Ronson ft D Merriweather- 'Stop Me'
9. Groove Armada- 'Get Down'
10. Hellogoodbye- 'Here (In Your Arms)'

NME apresenta novo single do Kaiser Chiefs na liderança. Confira a parade dos hypes:
1. Kaiser Chiefs - 'Everything Is Average Nowadays'
2. The Cribs - 'Men's Needs'
3. Biffy Clyro - 'Living Is A Problem Because Everything Dies'
4. Jack Penate - 'Spit At Stars'
5. Gallows - 'Abandon Ship'
6. Good Shoes - 'Morden'
7. The Twang -' Either Way'
8. The Maccabees - 'Precious Time'
9. The Pigeon Detectives - 'I'm Not Sorry'
10. The View - 'The Don'

* Dica de CDs da semana:
Marilyn Manson – “Eat Me, Drink Me” -
www.myspace.com/marilynmanson
Grinderman – “Grinderman” -
www.myspace.com/grinderman
Pop Levi – “The Return To Form Black Magick Party” -
www.myspace.com/poplevi
The Veils – “Nux Vomica” –
www.myspace.com/theveils
The Noisettes – “Whats The Time Mr Wolf” - www.myspace.com/noisettesuk

1° Radar

* The Horros cresce e aparece. A banda inglesa que faz um nervosa mistura de gótico com punk e pop anunciou que não participará mais como suporte a turnê do Black Rebel Motorcycle Club nos EUA. Os ingleses anunciaram sua própria turnê, que ocorrerá durante o mês de junho, para divulgação de seu primeiro Cd, “Strange Houses”, a ser lançado dia 15 de maio em território norte-americano. O debut dos horrendos está com audição completa disponível no myspace. Mais um artista sob a chancela NME a invadir terras Yankees, resta saber quem vai sobreviver. Arctic Monkeys, Kaiser Chiefs, Bloc Party, The Fratellis ou The Horrors?
Confira:
www.myspace.com/thehorrors

* O New Order que se apresentou no final do ano passado no Brasil esqueceu de oficializar o fim da banda. Os veteranos, que se reinventaram depois da morte de Ian Curtis e o fim do Joy division, resolveram dar fim a seus mais de 20 anos de carreira. Durante uma entrevista para a rádio o baixista Peter Hook afirmou que o recente trabalho realizado ao lado de Perry Farrell , a banda Satellite Party, não seria encarado como um projeto paralelo. – Conversei com Perry e ele me disse ter ouvido a respeito do fim do New Order e por isso me convidou para tocar com eles –, ao final de seu palavrório Hook deixou escapar – Sim, eu e Bernard Summer não estamos mais trabalhando juntos – disse o novo baixista do Satellite Party.

* De acordo com Iggy Pop, Kurt Cobain teria lhe telefonado pouco antes de seu suicídio. O ex-líder do Nirvana queria marcar uma sessão de estúdio e traçava o desejo de uma colaboração artística com o velho iguana. Quando Iggy tentou retornar não obteve sucesso e uma das mais eletrizantes parcerias da história do rock não pode ser concretzada. – Ele me ligou uma vez as duas da manhã. Mas foi numa época em que eu estava velho o bastante para ir dormir às nove e meia. Quando não estou tocando fico sensível, por isso não atendi o telefone – disse Pop. – foi legal, pois era um grande musico e no auge de sua carreira e ele dizendo “Iggy aqui é o Kurt Cobain vamos entrar em estúdio”. Então ele deixou um número do Four Seasons em beverly hills. Depois disso toda vez que eu tentava retornar alguém dizia: “Mr. Cobain está na cama” ou “Não temos noticias dele há três dias” – disse Pop.

* Boa novas voltam a cercar os bastidores do Jesus and Mary Chain. Depois do show de retorno no Coachella Festival, no final de abril, na Califórnia, que contou com a presença da atriz Scarlet Johannson dando uma canja, rumores de que a banda se prepara para entrar em estúdio estão cada vez mais consistentes. O guitarrista da banda, William Reid, disse que pretende entrar em estúdio a partir de outubro, para iniciar as gravações de um novo álbum, a sair no início de 2008.

5:55

Filha do poeta e cantor francês Serge Gainsbourg e da atriz britânica Jane Birkin, a londrina Charlotte Gainsbourg foi criada estreitamente ligada aos encantos das artes cênicas e da música. Gravou seu primeiro álbum aos treze anos, “Charlotte Forever” (1986), inteiramente composto por seu pai. Dois anos antes fez o seu primeiro filme, "Paroles et musique" (1984), ganhou o Cesar Award de "Atriz revelação” pela sua participação no filme "L'éffrontée" (1986), e em 2000 voltou a ganhar o prêmio, desta vez de "Melhor atriz coadjuvante" no filme "La Bûche". Charlotte atuou também nos filmes “21 gramas”, “Lemming”, entre outros.

Agora em 2007, vinte anos depois de sua última incursão musical, chega tardiamente ao Brasil seu segundo disco, “5:55” (Warner). Lançado na França em agosto de 2006, este trabalho demorou mais de 6 meses para aportar por estas bandas – fato cada vez mais constante da nossa atrasada indústria, salve o Soulseek! –, assim como ocorreu com o novo trabalho da nova diva londrina Amy Winehouse, “Back to Black”, e com a moscovita, radicada em Nova Iorque, Regina Spektor que terá finalmente seu aclamado álbum “Begin to Hope” lançado por aqui.

“5:55” pode ser apontado sem erros como o disco mais delicado e sensual do ano. Produzido por Nigel Godrich – produtor e quase membro do Radiohead –, e com a colaboração do duo francês Air e de Jarvis Cocker, ex-Pulp, o novo trabalho realça a pequenez da voz de Charlotte. As letras ficaram a cargo dela e Neil Hannon; Nicolas Godin e Jean-Benoit Dunckel (Air) escreveram as canções e o compositor canadense e pai do artista Beck, David Campbell, ficou a cargo dos arranjos de cordas. Para completar o time, o percussionista nigeriano Tony Allen – eleito por Brian Eno como o “melhor músico do planeta” –, tratou de comandar a seção rítmica de “5:55”.

O vocal macio de Charlotte é um charme a ser desvendado por ouvidos sedentos e suscetíveis a sussurros europeus ao pé do ouvido. As canções alfas-numéricas que abrem o álbum, “5:55” e “af607105”, apresentam o ouvinte aos deliciosos trejeitos e particularidas vocais de Charlotte, dispostos à medida certa no decorrer de todas as faixas. Charlotte canta em inglês praticamente em todo álbum, no qual se destacam as faixas “Beauty Mark”, “Everything I Cannot See” e “The Operation”. “Tel Que Tu Es” é a única canção interpretada em francês.

Charlotte não é uma grande cantora, no que se refere à extensão vocal, mas sua ousadia se revela na maneira de interpretar as canções. No minimalismo de suas divisões métricas e melódicas. Seus falsetes ressaltam as nuances climáticas das canções, e a mixagem do disco expõe sua voz frontalmente ao nosso primeiro plano auditivo. Podemos escutar o arfar de seus pulmões no preparo para imergir em cada nova frase melódica. A textura e a estrutura de sua doce voz podem ser apreciadas e absorvidas com enorme clareza.

Sem soltar gogós como uma “soul-jazz woman”, seus encantos repousam na intimidade, na maciez e no aconchego melancólico de seus versos e sussurros. “5:55” é um álbum repleto de romantismo, reclusão e sensibilidade, além de contar com as mentes musicais mais modernas e atuantes do cenário.

Confira: www.myspace.com/charlottegainsbourg

CDs da semana:
Air – Pocket Symphony (2007)
James Morrison – Undiscovered (2007)
Jarvis Cocker – Jarvis (2006)

sábado, 5 de maio de 2007

Love Me, Love Me and Love Me!

Eis que surge o novo rei da bizarrice. Libanês, 23 anos, magro e cabelos castanhos ondulados. Mica Penniman é o nome sugestivo do jovem, que se porpurinou para virar MIKA. Treinado por um profissional de ópera russo, seus trabalhos precedentes variavam entre apresentações de música clássica, no The Royal Opera House, em Londres, e produção de trilhas sonoras, para vôos da companhia aérea britânica British Airways.

Mika foi criado em Londres, morou em Paris durante boa parte de sua recente adolescência, e, a partir daí, o magrelo moçoilo decidiu ser star. Cobiçando abarcar o mundo da música pop com seus trejeitos e falsetes exagerados, Mika merece de fato o infame trocadilho, e paga muito mico ao tentar emular um Freddy Mercury sem vergonha e sem potencial artístico. Entre suas refrências musicais constam, além do líder do Queen, nomes como Elton John, Scissor Sisters e Robbie Willians.

Lançado no início deste ano, “Life In Cartoon Motion” recebeu instáveis críticas de veículos especializados em música, na Inglaterra e nos EUA. Entretanto, isto não impediu que o single “Grace Kelly”, lançado em janeiro, atingisse o topo dos charts de singles britânicos.

Sua sexualidade duvidosa não é comentada pelo artista, mas faixas como "Billy Brown", que trata de um homem que matêm um caso homossexual, não deixam muitas questões acerca das inclinações de Mr. Penni(s)man. A afetação do artista em apresentações ao vivo e sua dedicação ao apelo visual transbordam um universo que remete ao mundo-fantasia do cartoon, desenvolvido por sua irmã, para estampar a capa do Cd. O problema é que Mika e seus maneirismos cenográficos esbarram em um vazio constrangedor, justamente porque são expostos acima de sua música.

Os dois clipes postados abaixo são daqueles fortes candidatos a bizarrice do mondo pop contemporâneo. São filhos pródigos, da melhor linhagem, que a finada MTV selecionava em suas sessões trash, como Thin Lizzy, O Molejo e etc. Seu mundinho tiny toon encantado e colorido é escalafobético, no que há de pior nesta expressão: puro mau gosto e cafonalha. Confira o clipe e ria com Mika. O rapaz quer ser amado…Tomates nele!


Confira:
http://www.youtube.com/watch?v=CkGp72d0Ny0

http://www.youtube.com/watch?v=uzA0nG_PurQ