NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

sábado, 20 de outubro de 2007

Incubus - Citibank Hall 13.10.07

Olhares gélidos e tensos viajavam apressados pelos corredores do Via Park Shoping. Eram corpos magros, perdidos, tomados pela ansiedade e pelo medo que explodiam de cada semblante: fãs. Pra quem aguardava o primeiro show, no Brasil, de uma banda com seis CDs nas costas, não havia jeito. Satisfazer a todos com o repertório era tarefa impossível. Não deu outra. Os fãs saíram, literalmente, "chutando latinhas" pela falta de determinado hit, daquela outra que marcou o primeiro contato com o som da banda e etc.
Em uma hora e meia de show, os californianos do Incubus compilaram seus 16 anos de carreira em 18 músicas. Como em todo empacotamento musical o resultado não foi dos melhores e talvez por isso não tenha lavado a alma das mais de duas mil pessoas que encheram boa parte do Citibank Hall.
Nice to know you foi o cartão de visitas, muito bem recebido pelo público, a canção foi sucedida pela sua irmã musical, Wish you were here. A galera, ao delírio, entoava em uníssono os pegajosos versos do refrão e identificava, aos primeiros acordes, todas as canções do repertório. Anna Molly, Dig e a urgentíssima Megalomaniac foram responsáveis por momentos catárticos, o público realmente deu um show à parte.

O problema é que o espetáculo, previsto pra estar em cima do palco, muita das vezes vinha de algum crooner inconvenientemente instalado a menos de 10 centímetros da sua orelha. Pouco se ouvia os versos proferidos pelo sujeito de pé no meio do palco, talvez pelo som mal-equalizado da casa. Olhar enviesado daqui, um tranco de ombros acolá. Centenas de Brandon Boyds infestavam o ambiente. O cantor, por sua vez, mantinha-se distante, alheio à empolgação de seus asseclas. Suas excelentes interpretações foram minimizadas pela barulheira da platéia e de sua banda, que infelizmente abafaram a clareza de seus vocais. O Citibank Hall precisa rever seu sistema de som. Problema semelhante ocorreu há alguns meses no show do Velvet Revolver, quando a voz de Scott Weiland mal era ouvida.

Boydmania
No entanto, a emoção do show foi mais do que garantida para as groupies, que suspiraram pelo strip parcial de Boyd. Já os marmanjos puderam, ao menos, se deleitar com a execução tecnicamente perfeita de todas as canções apresentadas pela banda, que não deixou de surpreender. Destaque para o baixista Ben Kenney e para o baterista José Pasillas II.
Suspirar, realmente, era a palavra de ordem. Sem bate-papo com o público a banda arremessou uma música atrás da outra: 15 sem descanso e mais três no bis. O show, no entanto, foi irregular, justamente pela mescla que a banda fez de composições de toda a carreira. As faixas dos primeiros CDs, que fizeram esfriar o meio do espetáculo, destoavam da qualidade e sofisticação das produções de A crow left to murder e Light grenades, dois últimos trabalhos. Era claro notar a evolução da banda e entender o porquê da legião de fãs que se descabelavam e imitavam o líder Boyd.

Imitações ao estilo do cantor foi o que não faltou na noite. Garotos magrelos desfilavam intocáveis, com seus indefectíveis chapeuzinhos pretos, camiseta regata, bermudas, calças largas e tatoos tribais pelo corpo. Flanavam seguros, dentro da fantasia blasé de superstars. Mítico universo Rock n’Roll. Modelo descolado, de boa forma física, trejeitos afetados e excelente voz, o líder da banda congregou em perfeita harmonia groupies histéricas, rockers esqueléticos e surfers bombadinhos, que rezavam à cartilha da persona Brandon Boyd.
Ficou um gosto de quero mais, mistura de indignação, êxtase e encantamento. Uma bandeira do Brasil permaneceu intocada a frente de um amplificador. Para o Incubus o show foi, literalmente, um rio que passou em suas vidas. N
ão há melhor definição. Justamente por isso a faixa Pardon me era a mais aguardada ao final do show. Era o grito de redenção esperado pela platéia carioca, que merece pedido de desculpas triplo: não tocaram uma das faixas mais importantes do repertório, pela demora de vir ao país e pela frieza com que foi conduzida boa parte do show. Com algumas dezenas de obrigados xoxos, o líder da banda se despediu sem se impressionar com a devoção de seus fiéis entusiastas.

Fotos: http://www.flickr.com/photos/taiarock/

sábado, 13 de outubro de 2007

The Hives - The black and white album

Disco novo dos suecos do The Hives é aquilo tudo que você espera e muito mais: explosivo, rápido e intenso. O detalhe que torna o álbum arrasador fica por conta da sofisticação dos arranjos. Os alinhados terninhos brancos, que a banda utiliza como vestimenta para suas performances, agora são devidamente adaptados para dar classe às canções.
Tick tick boom é uma das melhores já escritas pela banda. A faixa abre The black and white album e dá um tapa na orelha de jeito. Os caras não perdem tempo e não escondem o jogo. Se a primeira impressão é a que fica, Tick tick boom dá conta do recado, um single perfeito.
Pianos e teclados em abundância chamam a atenção. A faixa Puppet on a string conta apenas com palmas e singelas notas de piano. Já a instrumental (?!) A stroll through hive manor corridors utiliza apenas um órgão vintage, dos anos 60, e uma bateria eletrônica. Hives minimalista? Era só o que faltava.
A diferença entre este trabalho e os anteriores pode ser notada em menos de cinco minutos de audição. O punk inventivo e experimental do álbum é resultado de colaborações no mínimo improváveis, com os produtores Timbaland e Pharrel Willians. Cortejados pelos gangstas e softcores do R&B e hip-hop americano, eles emprestam o potencial de suas burilações musicais ao punk, cada vez mais pop, de Howlin' Pelle Almqvist e Cia.
Os suecos gravaram cerca de 30 canções para este quarto álbum de carreira. Sete faixas contaram com o toque midas de Pharrel. No entanto, apenas T.H.E.H.I.V.E.S e Well alright! entraram no álbum. Parece que a parceria não deu tão certo assim. Apesar da criatividade, as faixas não empolgam. Já as sessões comandadas por Timbaland também não entraram no disco. A faixa Throw it on me ficou pronta tarde e não pode ser incluída. A banda pretende lançá-la como lado b.
Aos fãs do rock cru e sessentista, soa um tanto quanto esquisita a opção da banda em tecer colaborações com estes medalhões do rap. No entanto, nada mais punk ou politicamente incorreto para o mundinho rocker do que trazer os mano para brincar de fazer som. André 3000, do Outkast, confirmou recentemente à Rolling Stone que só compôs o megaclássico Hey Yah depois de curtir e se esbaldar em um show do The Hives, em Nova Iorque.
Filmes publicitários da Nike e inserções promocionais no Cartoon Network provam à versatilidade punk dos suecos. Performáticos ao extremo, os caras são verdadeiros personagens, perfeitos para a exploração comercial midiática. Tadinho dos punks. Mas hoje em dia são tão previsíveis, não? É hora de aposentar as mofadas jaquetas de couro e esfolar a bunda magra de tanto dançar. Howlin' Pelle Almqvist e sua nervosa gritaria estão intactas. Confira abaixo o vídeo de Tick tick boom. Senhoras e senhores, com vocês: The Hives!


The Hives - Tick tick boom

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Radiohead - Novo álbum

Lançado hoje, pela manhã, o novo álbum do Radiohead, In Rainbows, já pode ser baixado legalmente pela net. A banda disponibiliza o álbum pelo preço que o interessado possa ou queira pagar. Talvez por este motivo a banda se nega a revelar o valor das pré-vendas e do resultado da primeira semana de lançamento. In Rainbows é uma mescla de canções inéditas, algumas do fundo do baú, além de velhas conhecidas dos fãs, por já terem sido apresentadas em shows. Quem optar pela ilegalidade também não fica na mão. Uma procurada básica em qualquer site de compartilhamento de arquivos será bem-sucedida.
As 15 faixas do novo disco são:
"15 Step"
"Bodysnatchers"
''Nude"
''Weird Fishes/Arpeggi"
''All I Need"
''Faust Arp"
''Reckoner"
''House Of Cards"
''Jigsaw Falling Into Place"
"Videotape"