NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Chris Cornell - "Carry On"


















Uma das maiores dificuldades para um cantor solo que tenta repetir o sucesso de sua carreira em bandas anteriores é a busca por uma sonoridade que o identifique. O desafio se torna dez vezes maior quando os nomes das bandas pelas quais o cantor foi líder respondem por Soundgarden e Audioslave. É esse o dilema e a barreira que Chris Cornell não ultrapassa em seu segundo disco solo “Carry On”. Desentendimentos pessoais e em relação aos negócios impediram que o Audioslave continuasse unido; Chris Cornell na época teria afirmado que não tem mais idade para liderar uma banda e que gostaria de focar em sua carreira solo.

A perda de uma ótima banda não oferece aos fãs, órfãos, uma resposta à altura por Cornell. Não que o novo álbum não apresente boas canções. Cornell e sua voz poderosa ainda estão em cima, ao menos em estúdio. O problema do álbum são os arranjos um tanto quanto previsíveis, No such thing – canção que abre o disco e primeiro single – navega entre o rock pesado de guitarras imponentes e momentos acústicos que transmitem apenas uma tentativa frustrada de conectar seus fãs mais headbangers às groupies que ainda suspiram com o seu terrível bigode. Poison eye soa datada, já que remete à sonoridade dos anos 90 e ao Temple of the Dog, banda colaboração entre Cornell, Eddie Vedder e integrantes do Pearl Jam.

Carry On” é um álbum de pop/rock sem a atmosfera poética de “Euphoria Morning” e que perpassa perigosamente ao lado da tênue linha que separa baladas sinceras e o rock baba, onde as canções são apenas amontoados de clichês melódicos. As novas composições acabam soando apenas como vazios devaneios de uma alma artística que sempre passou longe do limbo, mas que está perdida momentaneamente. Salvam-se, com êxito, Safe and sound, que apresenta uma leve pegada de Soul Music e R&B em meio a intervenções sinceras de sopros e um refrão redentor, e She`ll never be your man. Na maioria das canções que se seguem, como em Ghosts, é impossível deixar de notar a presença dos fantasmas de Kim Thayil, guitarrista do extinto Soundgarden, e de Tom Morello, ex-Audioslave – que perturbam.

O disco é um atestado narcísico de Cornell que grita: “Eu sou um puta cantor” em todas as faixas. Não que ele não tenha razão, a dificílima e ousada cover de Billie Jean, do rei do pop Michael Jackson, fala por si própria, com Cornell vociferando assustadoramente. Há de se entender, no entanto, que música não é só voz e por isso é preciso construir sonoridades igualmente interessantes e que garantam identidade e credibilidade às boas intenções musicais.

Your soul today e Finally forever são as mais próximas de um já gasto estereótipo Bruce Sprigsteen, que Cornell poderia muito bem se afastar, baladas quase country perfeitas apenas para serem executadas em finais de filmes b norte-americanos. Cafonas, datadas e sem um pingo de inventividade. Resultado de uma produção bem cuidada, mas incrivelmente vazia de sentidos, o álbum esbarra em uma pseudo-diversidade de estilos, mas que na verdade foca apenas na exposição da voz de Cornell e revela um lapso de criatividade e um gigantesco abismo entre este “Carry On” e seus trabalhos precedentes.

Frustrante em boa parte do tempo, “Carry On” se despede com You know my name, canção-tema da trilha sonora do último “007 – Casino Royale”. Ilustra-se, assim, um quadro final desanimador. Esta que é uma das piores canções compostas por Cornell e que foi, diga-se de passagem, apropriadamente emprestada a um dos mais equivocados filmes da linhagem do fantástico agente secreto, erraticamente representado pelo Bond(e) paraguaio Daniel Craig.

Confira:
www.myspace.com/chriscornell

terça-feira, 26 de junho de 2007

Bjork "Volta" ao Brasil


















Mais uma peça confirmada para o quebra-cabeça do Tim Festival 2007. A islandesa Bjork se apresentará no Rio, na Marina da Glória, mas a data ainda não foi revelada. Para os fãs do novo disco da cantora, o fantástico “Volta”, lançado em maio, resta torcer para que os americanos melancólicos e esquisitóides do Antony and the Johnsons confirmem presença no TIM. O vocalista da banda Antony Hegarty participou das faixas "The Dull Flame of Desire" e "My Juvenile" – ambas gravadas em uma sessão na Jamaica. Resta saber se vai rolar o dueto ao vivo por aqui.

“Volta”, sexto álbum de carreira e um dos mais aclamados de Bjork – cotação 4 estrelas pra cima em todas as principais publicações musicais do mundo – conta também com os beats do midas Timbaland, que empresta seus graves e grooves às canções “Innocence”, “Hope” e ao ótimo single “Earth Intruders”. Vanguardista, afetada, onírica ou bizarra, não resta a menor dúvida de que não se deve perder a apresentação do pequeno duende islandês em outubro. Clipasso de “Earth Intruders” abaixo:

Björk - "Earth Intruders"

segunda-feira, 25 de junho de 2007

The Police in Rio

* No início do ano boatos de que o The Police estaria de volta circulavam por todo o canto. Sting e companhia, separados oficialmente desde 1986 decidiram voltar aos palcos para comemorar os 30 anos de lançamento do primeiro single da banda, o épico “Roxanne”, que eles entoaram na festa de premiação do Grammy 2007 – video abaixo.
A “The Police Reunion Tour” inaugurada no final de maio em Vancouver, Canadá, pretende percorrer palcos dos quatro cantos do planeta. A boa nova é que os ingleses vão tocar dia primeiro de dezembro no Maraca. Estão confirmadíssimos! O show que talvez seria realizado em São Paulo foi “roubado” pelo governo do RJ e sua secretaria de Esportes e Turismo. Agora é só esperar e juntar a graninha.

* Giro pela ilha. Glastonbury encerrado com show do The Who e com o público reclamando do baixo volume do sistema de som no Pyramid Stage, nos shows dos headliners Arctic Monkeys – video de "Fluorescent Adolescent" abaixo –, e The Killers, que chega esta semana com single novo, o mais ou menos “For Reasons Unknown”. É, o nosso TIM festival reunindo dois carros-chefes do maior festival de rock do mundo, não é pouca m... não.

* Novos lançamentos chegam à net essa semana. Novo álbum do The Editors – “An End Has a Start”, apontado pela NME da semana como um “sub-editors”. Os garotos incendiários do The Enemy lançam o primeiro single “Had enough” do álbum “We`ll leave and die in these towns” a ser lançado via Warner. Beastie Boys atacam de “The Mix Up” e o The Automatic desembala novamente o seu "Not Accepted Anywhere" digitalmente via myspace para o mercado americano, já que a banda se prepara para a Warped Tour 2007.

* Por aqui, retratos da prosperidade: Enquanto o novo do White Stripes, “Icky Thump”, que sairia via Warner foi abortado pela sede mundial na última hora, chega com um ano de atraso o belíssimo disco “Begin to Hope” da moscovita radicada no Bronx, Regina Spektor, também pela Warner – resenha em breve e vídeo do primeiro single “Fidelity”.

Regina Spektor - "Fidelity"


The Arctic Monkeys - "Fluorescent Adolescent"



Confira:
www.myspace.com/reginaspektor
www.myspace.com/theenemycoventry
www.myspace.com/theautomatic

terça-feira, 19 de junho de 2007

Festivais Indie

Foi dada a largada para a correria em bilheterias, economias de porquinho e etc. TIM Festival, Indie Rock Festival e shows internacionais avulsos. Se há dois anos atrás com o dólar em alta os shows internacionais eram escassos 2007 está sendo um ano dos mais bacanas e generosos para os amantes do rock "moderno". É chegada a hora dos preparativos para a festa de shows indies que ocorrerão a partir do segundo semestre.

A primeira versão do Indie Rock Festival, a ser realizado nos dias 25 e 26 de julho no Circo Voador e também em São Paulo está confirmada. O festival, que é um misto de duas bandas internacionais e quatro nacionais, vai contar na primeira noite, quarta-feira a partir de 21h30, com Lucas Santtana & Seleção Natural, os paulistas do Hurtmold e os gordinhos e fofos do The Magic Numbers; já na quinta-feira no mesmo horário, a festa fica por conta dos ótimos Mombojó, da big band brasiliense Móveis Coloniais de Acaju e dos londrinos do The Rakes.

Entre o Indie Rock e o super especulado Tim Festival, calma ainda chego lá, rola show de Marilyn Manson na Fundição Progresso dia 25 de setembro, em turnê de lançamento de seu pop/gótico cd "Eat Me Drink Me", tem Incubus, em turnê de "Light Grenades", um dia após o dia das crianças, em 13 de outubro no Citybank Hall do Rio e dias 14 e 15 em SP.

Agora sim, confirmadas as primeiras três apresentações do TIM Festival 2007, a ser realizado entre os dias 25 e 31 de outubro: Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Vitória. São elas The Killers, Arctic Monkeys and Juliette and the Licks, que tocarão na Marina da Glória. Além destes corre na boca pequena, agora cada vez mais larga, que Atony and the Johnsons, Cat Power e talvez Bjork e Kaiser Chiefs apareçam no festival. É só esperar a bilheteria abrir, segundo o site do Arctic Monkeys, Tickets a partir de 27 de agosto!
Segue abaixo sessão myspace dedicada a quem quiser conhecer ou apenas sacar o som das bandas citadas acima.

Internacionais:

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Franz Ferdinand - All my friends

Enquanto o novo álbum dos escoceses/ingleses mais simpáticos do mundo não chega, o Franz Ferdinand ataca de cover e clipe novo. Versão para o já clássico hit "All My Friends", de James Murphy, o cara por detrás do super hypado LCD Soundsystem.

sábado, 16 de junho de 2007

QOTSA - "Era Vulgaris"

"Era Vulgaris" soa menos explosivo ou fantasmagórico do que o clássico "Songs for the Deaf", mais inventivo e menos cativante do que seu precedente "Lullabies to Paralyse", um dos álbuns mais controversos da banda.

As guitarras de Josh Homme mais econômicas do que nos discos anteriores pontuam as melodias com menos distorção e mais ênfase rítmica. Já as letras de "Era Vulgaris" também apontam um novo ambiente e versam sobre o vazio existencial do mundo hollywoodiano e, muitas vezes, por si só caem no vazio, numa metalinguagem auto imposta criada involuntariamente por Homme.

Como não poderia deixar de ser, “Era Vulgaris” é um ótimo álbum e mais uma vez posiciona a banda em um patamar muito acima da média da produção roqueira atual. O problema é que se "Lullabies to Paralyse" não contetou a maioria dos fãs após o clássico álbum vermelho, o que frustra em Vulgaris é que este também não leva a crer que o fará. Apesar da inteligência e inquietude de Josh Homme, que nunca se repete e procura sempre novos caminhos sonoros a traçar, o novo disco é irregular e faixas como Misfit Love dão vontade de desligar o som no meio do caminho.

Apesar das questões acima, o álbum começa com uma dupla arrasadora. Turning on the Screw e uma jam session atípica abrem os trabalhos, enquanto o espírito ensandecido que leva o ouvinte a queimar combustível em alta velocidade por estradas a fora é alimentado por Sick, Sick, Sick. Esta que conta com a participação especial de Julian Casablancas do Strokes, nos backing vocals.

A esquizo-rítmica I`m a Designer abre com os versos "Minha geração está a venda" e segue a crítica com irônicas passagens, "A coisa que é real para nós é fortuna e fama, Todo o resto é como um trabalho, Isso é como diamantes na merda". A canção prepara o terreno para Into the Holow, quarta faixa do álbum; psicodelia pura pronunciada por doces notas de guitarra. Battery Acid acelera na mesma linha orgânica e enxuta, porém se arrasta em uma pseudo complexidade difícil de aturar.

O QOTSA, porém ainda é uma das maiores, mais originais e menos hypadas bandas da atualidade, os caras de fato não circulam de mãos atadas com tendências pops e nem precisam disso. A sonoridade mais etérea e alternativa aliada à psicodélicas transposições harmônicas e linhas vocais de Josh levam a crer que "Era Vulgaris" é o trabalho em que o QOTSA mais se aproxima das idéias de Chris Goss – líder do Másters of Reality, produtor de "Rated R" e colaborador fulltime na maioria dos álbuns da banda.

O toque de sensualidade que a banda sempre trouxe em álbuns anteriores também está mais leve, mas é garantida por mais uma fuck-rock song, Make It Wit Chu, numa versão menos empolgante do que a já registrada nas Desert Sessions, que contava com voz regada a álccol e cigarro de Mark Lanegan. Este, por sua vez, só aparece timidamente nos coros de River in the Road, faixa que poderia ser inteiramente interpretada por sua voz cavernosa.

O que se percebe é que a maravilhosa capacidade de Homme em organizar partes musicais a principio impossíveis de serem casadas e transformá-las em canções memoráveis se dissipou, ao menos em "Era Vulgaris". O intuito de Homme em colocar todo mundo pra dançar com seu novo trabalho se diluí na medida em que se flagra uma falta de coesão entre as canções. O que falta ao disco não é inventividade rítmica, exploração de geniais sonoridades e timbres, ou dinâmicas surpreendentes, como em 3`s & 7`s, o que deixa a desejar é a formulação final das canções.

"Era Vulgaris" é pesado, escuro e elétrico como mencionou à impressa Homme. E de fato é um álbum mais pesado que os anteriores, não pela força de seus instrumentos, mas sim pela atmosfera mezzo garageira e experimental eletrônica. Boas idéias nunca irão faltar ao líder da mais nova one man band do pedaço, mas é preciso tomar cuidado para que tamanha profusão criativa não atrapalhe a construção de hits poderosos como foram The Lost Art of Keeping a Secret em "Rated R", No One Knows em "Songs for the Deaf" e In My Head em "Lullabies to Paralyse".

Confira: www.myspace.com/queensofthestoneage

terça-feira, 12 de junho de 2007

Arcade Fire - Neon Bible

Depois do sucesso de seu disco de estréia, “Funeral” (2004), o Arcade Fire volta a promover suas pregações messiânicas em forma de música. "Neon Bible" é a continuação da saga do septeto canadense, que em seus três anos de peregrinação sonora arrebanhou fãs ilustres, como David Byrne, David Bowie e Bono Vox.

Pianos, violinos, violas, violoncelos, xilofones, acordeões, harpas e caixas continuam sendo elementos essências para a ecumênica simbiose de indie rock, coros gregorianos e gigantismos melódicos. Alguns “novos” e exóticos instrumentos como, órgãos de sopro e um secular hurdy gurdy – não faço a mínima idéia do que seja –, foram algumas das peças executadas por uma orquestra húngara completa, em arranjos teocentricamente orquestrados.

Decididos a dispensar produtores para o novo álbum, Win Butler e companhia registraram os acordes de seus muitos instrumentos sob a iluminação dos vitrais de uma igreja canadense, comprada pela banda e transformada em estúdio. A ambiência da pequena capela emoldura apropriadamente a aura religiosa contida nas letras de Butler e no instrumental de seus asseclas.

Black mirror abre o álbum e, de cara, convida o ouvinte para uma forte experiência sinestésica. Escuridão, clausura, coragem e preces assumem uma atmosfera menos de medo e mais de desbravo. Guerra, religião e família são os pontos culminantes em que as letras de Butler se transformam em interpretações emocionadas e clamam por redenção.

Esta mini-opereta indie repleta de emocionantes transições líricas e melódicas povoa o imaginário do ouvinte de maneira forte, como há muito não se via ou ouvia. Keep the car running é catártica, como só uma canção do Arcade Fire poderia soar. “Neon Bible” nos faz assistir o despertar e afirmação de uma grande banda, e tem na faixa Intervetion o destaque central da obra – a canção lançada via Itunes, em dezembro de 2006, teve sua arrecadação redirecionada a instituição de caridade haitiana Partners from Health.

Nenhuma das múltiplas citações elogiosas, acima, impedem uma realista análise do álbum, que talvez seja menos espetacular que “Funeral”. Com 750.000 cópias vendidas, “Neon Bible”, por sua vez, foi ainda melhor recebido pelas prateleiras físicas e digitais que seu antecessor. Puxado pelo single Black mirror, nos EUA, e Keep the car running, no Reino Unido, o álbum estreou em primeiro lugar nas paradas canadenses e irlandesas e em segundo lugar na parada Billboard Top 200.

Segundo o líder da banda e mais novo poeta da música pop, Win Butler, o novo álbum soa como estar à deriva no oceano à noite. É este o sentimento que depois de dezenas de profundas submersões auditivas pude compreender. Mesmo inebriado pela atmosfera sombria e, ao mesmo tempo, religiosa de seus arranjos, prossigo, no entanto, como um cético, fiel apenas à arte que esta banda singular produz mais uma vez.


Arcade Fire - "Intervention" ao Vivo


Arcade Fire & David Bowie - Wake Up



Confira: www.myspace.com/arcadefireofficial

segunda-feira, 11 de junho de 2007

The Bravery - The Sun and the Moon

Produzido por Brendan O`Brien – mentor de álbuns do Rage Against the Machine, STP, Audioslave e Velvet Revolver – o novo disco do The Bravery abre com uma das canções mais chicletes das últimas semanas, “Believe”. Mostra, de cara, o quanto a banda evolui neste novo “The Sun and the Moon”. Como assinala um dos versos do refrão, “give me something to believe”, este que vos escreve precisava de uma canção deste naipe para dar o crédito que publicações como a Rolling Stone e Village Voice anunciavam dois anos atrás.

O quinteto, que se apresentou no Circo Voador no final do ano passado para testar algumas das novas canções, segura a boa onda na faixa seguinte, “This is not the end”. Canção pop-rock bem conduzida e uma das melhores do disco, é o bastante para distrair minhas já sonolentas estações auriculares – são duas horas da manhã de uma segunda-feira pós feriadão. O sugestivo título, no entanto, é prenúncio contraditório do que o álbum nos reserva. Parece que não estamos tão distantes do fim, já que a banda a partir da metade do álbum revela falta de munição para sustentar a pegada.

Enquanto a derrocada não chega, ainda há tempo para que notas espaciais de guitarras perfurem delicadamente meus tímpanos, enquanto que um coro de “Ôooo Ôooo Ôooo Ôoos” faz o balançar de cabeças digno de boa música ser iniciado. “Every word is a knife in my ear” conduz, assim, minhas cansadas articulações ósseas a esquisitos movimentos performáticos. A faixa é responsável pelos momentos mais divertidos que uma banda de visual punk moderno ou pós-gótico poderia nos oferecer.

Quando é chegada à hora de escolher o single do novo trabalho é que os caras patinam. Escolhem uma das mais insossas baladas do disco, “Time won`t let you go”, como se ela fosse garantia de que as rádios americanas de rock moderno, infectadas pela onda emo de bandas farsantes como Fall Out Boy e Panic! At the disco, os desse atenção.

Perdem a oportunidade de mostrar ao público o que de melhor têm a oferecer, a combinação da esfumaçada aura indie nova-iorquina, rocks dançantes conduzidos por sintetizadores e influências de levadas eletrônicas. Se o The Bravery apostasse com mais força no mercado europeu, ou se fossem filhos legítimos do cenário inglês, talvez não precisassem se dobrar tanto às regras mercadológicas da insípida cena norte-americana.

O problema de “The Sun and the moon” é a irregularidade de suas canções. Melancolia, solitude e perturbação exalam da intimista “Tragedy Bound”, assim como mediocridade sonora estampa faixas como “Angelina”. Ora soam como uma banda profundamente inspirada, com melodias encantadoras, mesmo que soturnas, e, segundos depois parecem se lembrar do business que os cerca e a esperança se esvai.

Managers neuróticos esmurrando a porta dos estúdios de gravação devem ser a causa de um álbum que se divide em duas propostas: o que a banda poderia ser se tivesse coragem e aquilo que o mercado gostaria que eles representassem. A&Rs da Island Records, ansiosos em saber o que o quinteto aprontava ao lado de O`Brien, devem ter forçado a memória dos rapazes a lembrar que hits radiofônicos são imprescindíveis para uma economia fonográfica saudável. O perigo disto é que algumas tentativas afoitas acabaram em resultados catastróficos. Se o disco sugere a união do astro-rei com a lua, a impressão que fica é que o esperado eclipse sonoro não ocorre. Uma pena.

The Bravery - Time won`t let you go


Confira: www.myspace.com/thebravery

QOTSA & White Stripes

Enquanto as resenhas não saem do forno segue o aperitivo. Clipe novo do Queens of the Stone Age, "Sick, Sick, Sick" – com participação especial de Julian Casablancas, do Strokes, nos vocais –, e o novo do White Stripes, "Icky Thump", versão oficial. Quem vence a batalha? Sou mais o vídeo dos Stripes.