NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Chapel Club - Tons soturnos: rock noir

– Foi como o George Clooney em Onze homens e um segredo... Mike nos juntou e decidiu que deveríamos fazer alguma coisa, talvez montar uma banda – lembra o vocalista do Chapel Club Lewis Boman.

Até o fim de 2008, Michael Hibbert (guitarra), Liam Arklie (baixo), Alex Parry (guitarra), Rich Mitchell (bateria) e Boman (voz) eram apenas amigos que se encontravam eventualmente nos mesmos bares e festas londrinas, até que as inevitáveis afinidades musicais construíram o elo que levou o poeta, escritor de contos e agora vocalista a se aventurar em sua primeira investida musical. Boman nunca havia tido um banda, escrito canções e muito menos testado seus dotes em cima do palco. Primeiro passo: perder o medo da plateia. Segundo: rumar ao topo até o fim de 2010.

– Lembro que Mike tocou algumas linhas de guitarra e mergulhei naquelas ideias, porque realmente soavam especiais. Começamos a ensaiar num porão minúsculo em Londres – recorda. – No primeiro ano nos focamos em escrever canções e aprendendo a tocar juntos, como uma banda. Tive que aprender a cantar na frente das pessoas pela primeira vez. Então, realmente é uma surpresa que os nossos primeiros shows tenham chamado tanta atenção. É um pouco ridículo até... Lembro que achava tudo muito estranho, mas é engraçado encontrar formas diferentes para se fazer uma mesma coisa. Hoje eu acho até interessante, porque realmente não sou um frontman tão óbvio.

Juntos desde ó começo de 2009, em poucos meses o quinteto passou a ser apontado pela imprensa como uma das mais promissoras do cenário inglês. A engrenagem audiovisual da rede BBC, o apelo instantâneo do semanário NME e a penetração massiva da revista independente The Fly incensaram o grupo até que a Universal se prontificou a apresentar um contrato. Confiante na potência da visceral O maybe I, primeiro single lançado pelo grupo, o Chapel Club inicia a primeira turnê como banda principal, percorrendo datas europeias até o fim de maio.

– Até agora gravamos apenas algumas canções e o nosso single, com o Claudius Mittendorfer, em Nova York. Começamos a trabalhar no álbum em março, e devemos lançá-lo até o fim do ano – planeja. – O que tenho certeza é que vai ser algo estrondoso, limpo e melódico... E espero que possa ser o mais diverso possível em intenções e efeitos.

Num balaio de mais de 20 faixas, os músicos pinçaram as 10 melhores para o repertório. Leitor voraz e ávido por poesias, Boman é o autor das letras sentimentais que versam sobre paixões, perdas, crescimento e fé.

– Boa parte das letras foi retirada de poemas meus. Alguns são muito antigos, outros bem recentes. Uns são absolutamente pessoais, enquanto outros mais universais – explica o compositor. – Eu não tive muito tempo nem chance de planejar ou definir os temas. Geralmente reajo em relação à música, tento expressar o que aquela sonoridade sugere. Parece que Deus continua editando as coisas por aí, apesar de eu não ser muito religioso... Pelo menos eu acho que não sou... Sei lá, está cada vez mais difícil julgar.

Nas canções disparadas no Myspace do grupo, a autodepreciação irônica e o humor negro tipicamente inglês se misturam a uma atmosfera melancólica e noir impulsionada pelas duas guitarras que comandam a banda. Ecoando uma mistura entre a sonoridade alternativa americana (Pixies e Sonic Youth) e o pop rock inglês dos anos 80 (The Smiths, Joy Division e New Order), o Chapel Club busca oferecer mais do que uma releitura do pós-punk, terreno atravessado com assiduidade por nomes como Interpol, The Editors e White Lies.

– Londres é completamente obcecada por modas e tendências, e assim que montamos a banda queríamos que a nossa música existisse de forma separada de toda essa celebração. Algo que pudesse realmente durar, que valesse à pena. Passamos um bom tempo nos sentindo absolutamente isolados do que acontece na cidade, pensando se alguém iria gostar de algumas das nossas músicas. Não tínhamos nenhuma certeza de que haveria algum espaço para nós. Acho que estamos abrindo aos poucos esse caminho.

Ouça aqui:
http://www.myspace.com/chapelclub

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