Da primeira vez em que esteve por aqui (em julho do ano passado) até agora, a moça pintou o cabelo várias vezes, brigou com sua gravadora e gravou o trabalho mais “adulto” de sua vida: pela primeira vez, um disco seu saiu com o infame adesivo advertindo sobre “letras explícitas” na capa. Mas algumas coisas não mudaram desde então: o vozeirão de soul singer aprisionado numa lourinha (ruivinha? moreninha?) inglesa e a beleza, que nos últimos tempos perdeu o tom juvenil e tornou-se mais maduro e, claro, sensual. Em sua segunda passagem pelo rio, no palco do HSBC Arena, soltou os cachorros acompanhada de uma banda afiada e de um figurino ousado, um curtíssimo vestido branco. Mostrou que não adianta querer aprisioná-la. Sua
relação com a música é, digamos, química.
relação com a música é, digamos, química.
– Cantar é algo mais do que um prazer qualquer: é uma necessidade vital. É como se fosse uma droga que eu realmente preciso usar – narra Joss à Programa . – A música é algo que me faz renascer a cada dia. E se não a fizesse, não sei se conseguiria tocar minha vida adiante.
A “libertação” que a inglesa tanto busca, e que acabou parando no título do primeiro single do novo disco (Free me) se refere à gravadora EMI. Joss teve seguidos problemas com o selo, que atrasou o lançamento de Colour me free! e cobrava que a cantora seguisse a imagem modernizada de diva R&B que assumiu no trabalho anterior, Introducing Joss Stone. A moça reagiu à domesticação gravando o disco em menos de uma semana, num estúdio montado num bar dirigido por sua própria mãe, no Sudoeste da Inglaterra.
– Aprendi que não adianta fazermos um álbum se percebemos que o novo disco não supera o anterior – diz a cantora quando perguntada sobre o que mudou no seu approach musical na hora de fazer Colour me free! – Curto pesquisar e achar os sons que quero para cada música. Apesar de não saber tocar os instrumentos, sei como devem soar. Não foi algo planejado, não tinha nada acertado, mas como o bar de minha mãe não estava funcionando e é muito perto de onde eu estava, decidi que poderíamos fazer.
De volta, tanto no palco quanto no disco, está a sonoridade mais retrô ouvida no trabalho de estreia, The soul sessions. As referências: Smokey Robinson, Gladys Knight, Aretha Franklin...
– Eu sempre ouvi muito esse tipo de música em casa, desde os 14 anos era vidrada – lembra Joss, falando sobre suas paixões black. – Mas só comecei a compor e entender minhas composições bem depois. É difícil falar sobre essas influências.
Como precursora da onda de cantoras britânicas de neo-soul (Amy Winehouse, Duffy, Adele...), a intérprete assina embaixo da onda revisionista:
– Acho o máximo que isso aconteça. Agradeço a Deus porque temos novos artistas empenhados em fazer música de verdade, com alma. É um processo realmente interessante para o pop.
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