Uma filiação nobre, um punhado de canções postas na internet, além de elogios e audições atentas das cantoras Adriana Calcanhotto e Fernanda Takai: eis o começo do culto ao trabalho do jovem músico paulista Leo Cavalcanti. Apresentado como uma das promessas da música brasileira para 2009 no Caderno B do último domingo, o cantor de 24 anos, filho do compositor Péricles Cavalcanti, ainda é um ilustre desconhecido da cena musical carioca. Mas já se consagrou no cenário musical emergente em São Paulo e também no universo virtual, onde suas canções são caçadas como pequenos tesouros.
Concentrado na gravação do seu álbum de estréia, a ser lançado no segundo semestre, Cavalcanti também se empenha em remixar cinco faixas registradas numa home session, e que vão se transformar no EP Ao Leo – em parte disponível para audição na sua página no Myspace (www.myspace.com/leocavalcanti).
– Quero lançar o disco nos mais diferentes formatos – adianta o músico. – Não penso em ganhar dinheiro com a venda de CDs. Quero fazê-lo circular para que impulsione muitos shows. Amo o Rio e estou louco para tocar aí. Acho que minha obra tem muito a ver com o clima da cidade.
Cavalcanti é também produtor e arranjador de composições como Frenesi de otário e Vou ser você, entre outras, que carregam genes exóticos e perpassam o flamenco de Paco de Lucia, a percussão africana, orquestrações árabes, instrumentos de sopro e a música árabe-andaluza, herdada do império muçulmano na Espanha. Ainda se esgueiram entre o pop de Michael Jackson, o soul de Stevie Wonder, o ritmo de Jackson do Pandeiro e o samba de Noel Rosa e Nelson Cavaquinho. Tal emaranhado sonoro é definido pelo autor como "pop metafísico".
"Originalidade é o trunfo"
– Fiquei impressionada quando ouvi o trabalho de Leo e o assisti ao vivo – diz Adriana Calcanhotto. – Ele tem uma linda voz. De extensão incrível e afinação precisa. É extraordinário. Um enorme talento.
A cantora mineira Fernanda Takai é outra que se rende aos encantos do paulista. Após receber uma demo num show em São Paulo, a vocalista do Pato Fu se derreteu ao ouvir canções como Medo de olhar para si e A tal da paciência.
– Suas músicas são excelentes e prenderam minha atenção de imediato – conta Fernanda. – Nunca ouvi nada como o que ele faz. A originalidade é o trunfo de qualquer artista. E ele tem isso na forma de compor, produzir e cantar. Ser completo assim tão jovem é um sinal de consistência.
O músico se define como uma espécie de terapeuta musical.
– Os temas que eu abordo e o modo como componho refletem os pontos centrais das minhas crises – esclarece. – Verso sobre os assuntos que considero problemas fundamentais: a briga eterna que o ser humano trava consigo mesmo e a forma como nos boicotamos e deixamos de explorar nosso potencial criativo e de amor.
Mergulhado em inusitadas misturas rítmicas, harmônicas e líricas, Cavalcanti dá vazão a sua profícua imaginação musical em um estúdio caseiro. Pilota sozinho as traquitanas que originam beats e grooves eletro-acústicos, como violão, baixo, guitarras, cajón, beat-box, palmas e timbaus. Da sua voz ambígua e suave, reverbera um manancial de idéias e questionamentos internos.
Para o pai do compositor, a aflorada musicalidade do filho era evidente desde criança, quando o caçula tirava de ouvido harmonias complexas e distinguia tonalidades de canções mesmo sem conhecimento teórico. Mas observa que as canções do jovem são muito diferentes das suas.
– Falo para o (Gilberto) Gil que o Leo é filho dele, e não meu – provoca Péricles Cavalcanti. – Ele tem aquele violão exuberante, explora divisões rítmicas complicadas e esbanja no uso das metáforas. É extremamente visual e barroco ao construir suas canções.
E o filho complementa:
– Mas tenho um compromisso natural para que as canções soem frescas e não carregadas de lamúrias. A vida não precisa ser martírio. É preciso haver celebração. Quando tudo isso se transforma em ritmos e melodias, temos um poderoso instrumento de meditação.
A afinação impecável e os agudos límpidos povoam os arranjos. Coros de vozes em camadas preenchem os vazios deixados pela escolha de poucos instrumentos.
– Começo a compor no violão, buscando células rítmicas completamente inusitadas – detalha. –O problema surge quando tenho que encontrar melodias e letras que se encaixem nessas coisas malucas. Mas gosto de transformar essa confusão em canções de apelo pop.
Timidez some no palco
Suas catárticas performances ao vivo, quando Cavalcanti dança e delineia movimentos corporais precisos, fazem parte do final de seu processo de elaborações mentais.
– Minha preocupação é com o canto e de como me sinto no palco – garante ele. – Sou tímido nas relações sociais, mas parece que me aferro num fio condutor que me guia ao palco e me deixa seguro.
Além dos shows em locais badalados como Studio SP e nos teatros do Sesc Paulista, o músico se dedica a dar aulas de ioga e usa suas mãos como massoterapeuta. Estudioso das ciências holísticas, que prezam a conexão entre o corpo e a mente, o músico não abre mão das sessões de psicanálise.
– Desde criança tenho elaborações existenciais – conta Leo. – Sempre fui inquieto em relação a questões sobre os nossos mundos externo e interno. Escrever sobre isso é o que me pega na veia. Não assino histórias ou idéias pensando no entretenimento de determinados guetos e não faço relatos concretos das situações que vivo.
Parceira musical do pai Péricles, Adriana Calcanhotto admira a inteligência das letras e temas abordados por Leo.
– São mergulhos psicológicos muito bem elaborados – elogia Adriana. – Além disso, ele tem uma forte ligação com o teatro, o que o ajuda a apresentar um trabalho de palco muito original.
A admiração das cantoras se estendem a possíveis parcerias. Adriana, que já se apresentou no mesmo palco que Leo, dá o aval.
– É possível que façamos algo, mas o que interessa é vê-lo trilhar essa interessante carreira.
Já Fernanda incentiva Leo a investir em seu viés autoral.
– Posso estar antecipando algo, mas digo que o Leo é um artista que tem ótimo material para mostrar às pessoas – aposta Fernanda. – Quem sabe não trabalhamos juntos.
Chuvarada - Leo Cavalcanti + Tatá Aeroplano
– Quero lançar o disco nos mais diferentes formatos – adianta o músico. – Não penso em ganhar dinheiro com a venda de CDs. Quero fazê-lo circular para que impulsione muitos shows. Amo o Rio e estou louco para tocar aí. Acho que minha obra tem muito a ver com o clima da cidade.
Cavalcanti é também produtor e arranjador de composições como Frenesi de otário e Vou ser você, entre outras, que carregam genes exóticos e perpassam o flamenco de Paco de Lucia, a percussão africana, orquestrações árabes, instrumentos de sopro e a música árabe-andaluza, herdada do império muçulmano na Espanha. Ainda se esgueiram entre o pop de Michael Jackson, o soul de Stevie Wonder, o ritmo de Jackson do Pandeiro e o samba de Noel Rosa e Nelson Cavaquinho. Tal emaranhado sonoro é definido pelo autor como "pop metafísico".
"Originalidade é o trunfo"
– Fiquei impressionada quando ouvi o trabalho de Leo e o assisti ao vivo – diz Adriana Calcanhotto. – Ele tem uma linda voz. De extensão incrível e afinação precisa. É extraordinário. Um enorme talento.
A cantora mineira Fernanda Takai é outra que se rende aos encantos do paulista. Após receber uma demo num show em São Paulo, a vocalista do Pato Fu se derreteu ao ouvir canções como Medo de olhar para si e A tal da paciência.
– Suas músicas são excelentes e prenderam minha atenção de imediato – conta Fernanda. – Nunca ouvi nada como o que ele faz. A originalidade é o trunfo de qualquer artista. E ele tem isso na forma de compor, produzir e cantar. Ser completo assim tão jovem é um sinal de consistência.
O músico se define como uma espécie de terapeuta musical.
– Os temas que eu abordo e o modo como componho refletem os pontos centrais das minhas crises – esclarece. – Verso sobre os assuntos que considero problemas fundamentais: a briga eterna que o ser humano trava consigo mesmo e a forma como nos boicotamos e deixamos de explorar nosso potencial criativo e de amor.
Mergulhado em inusitadas misturas rítmicas, harmônicas e líricas, Cavalcanti dá vazão a sua profícua imaginação musical em um estúdio caseiro. Pilota sozinho as traquitanas que originam beats e grooves eletro-acústicos, como violão, baixo, guitarras, cajón, beat-box, palmas e timbaus. Da sua voz ambígua e suave, reverbera um manancial de idéias e questionamentos internos.
Para o pai do compositor, a aflorada musicalidade do filho era evidente desde criança, quando o caçula tirava de ouvido harmonias complexas e distinguia tonalidades de canções mesmo sem conhecimento teórico. Mas observa que as canções do jovem são muito diferentes das suas.
– Falo para o (Gilberto) Gil que o Leo é filho dele, e não meu – provoca Péricles Cavalcanti. – Ele tem aquele violão exuberante, explora divisões rítmicas complicadas e esbanja no uso das metáforas. É extremamente visual e barroco ao construir suas canções.
E o filho complementa:
– Mas tenho um compromisso natural para que as canções soem frescas e não carregadas de lamúrias. A vida não precisa ser martírio. É preciso haver celebração. Quando tudo isso se transforma em ritmos e melodias, temos um poderoso instrumento de meditação.
A afinação impecável e os agudos límpidos povoam os arranjos. Coros de vozes em camadas preenchem os vazios deixados pela escolha de poucos instrumentos.
– Começo a compor no violão, buscando células rítmicas completamente inusitadas – detalha. –O problema surge quando tenho que encontrar melodias e letras que se encaixem nessas coisas malucas. Mas gosto de transformar essa confusão em canções de apelo pop.
Timidez some no palco
Suas catárticas performances ao vivo, quando Cavalcanti dança e delineia movimentos corporais precisos, fazem parte do final de seu processo de elaborações mentais.
– Minha preocupação é com o canto e de como me sinto no palco – garante ele. – Sou tímido nas relações sociais, mas parece que me aferro num fio condutor que me guia ao palco e me deixa seguro.
Além dos shows em locais badalados como Studio SP e nos teatros do Sesc Paulista, o músico se dedica a dar aulas de ioga e usa suas mãos como massoterapeuta. Estudioso das ciências holísticas, que prezam a conexão entre o corpo e a mente, o músico não abre mão das sessões de psicanálise.
– Desde criança tenho elaborações existenciais – conta Leo. – Sempre fui inquieto em relação a questões sobre os nossos mundos externo e interno. Escrever sobre isso é o que me pega na veia. Não assino histórias ou idéias pensando no entretenimento de determinados guetos e não faço relatos concretos das situações que vivo.
Parceira musical do pai Péricles, Adriana Calcanhotto admira a inteligência das letras e temas abordados por Leo.
– São mergulhos psicológicos muito bem elaborados – elogia Adriana. – Além disso, ele tem uma forte ligação com o teatro, o que o ajuda a apresentar um trabalho de palco muito original.
A admiração das cantoras se estendem a possíveis parcerias. Adriana, que já se apresentou no mesmo palco que Leo, dá o aval.
– É possível que façamos algo, mas o que interessa é vê-lo trilhar essa interessante carreira.
Já Fernanda incentiva Leo a investir em seu viés autoral.
– Posso estar antecipando algo, mas digo que o Leo é um artista que tem ótimo material para mostrar às pessoas – aposta Fernanda. – Quem sabe não trabalhamos juntos.
Chuvarada - Leo Cavalcanti + Tatá Aeroplano
Um comentário:
Sou apaixonada pelo som dele! Com certeza é um novo talento!
Beijos.
Postar um comentário