NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

domingo, 25 de maio de 2008

Voluntario da patria


Dividindo seu tempo entre as apresentações do Detonautas, o lançamento do quarto CD da banda, Retorno de Saturno (Sony & BMG), e o grupo de poesia Voluntários da Pátria, Tico Santa Cruz ainda encontra tempo para novos projetos, como a gravação de um DVD da banda com o acompanhamento de uma orquestra sinfônica. Em bate-papo, o artista fala sobre detalhes do novo show, que estréia no segundo semestre, e da carreira do grupo, que completa 11 anos de estrada.

LFR: Vocês têm uma base de fãs fiel. Como está sendo esta temporada de shows nas lonas culturais da cidade?

TSC: Temos feito shows em todas as lonas culturais da cidade. Elas são os melhores termômetros, pois é um público bastante fiel. Utilizamos esses shows para testar o novo repertório e fazer outras experiências. É na lona que percebemos o que dá certo. Nós nos baseamos na resposta e no comportamento desse público específico.

LFR: O que vocês estão definindo, além do novo repertório?
TSC: Estamos trabalhando em um novo projeto de luz e cenário diferenciado. Somos uma banda de shows e, por isso, essa fase é tão importante. As lonas abrigam um público que fica à margem do que está na moda no país. Eles são fãs, têm personalidade e apóiam a banda realmente. Em Vista Alegre, tivemos que nos apresentar três dias, pois os ingressos esgotaram em pouco tempo. Será nossa primeira vez na lona de Jacarepaguá. Espero que a tenda esteja cheia.

LFR: Como tem sido a resposta dos fãs em relação ao CD 'Retorno de Saturno'?

TSC: Nosso disco tem sido muito bem recebido pelo nosso público. Em menos de um mês, ultrapassamos os 126 mil acessos no nosso myspace, a partir de uma atitude ousada da nossa gravadora, que não teve medo de disponibilizar o conteúdo do disco, na íntegra, no site. Acho que isso aproxima a banda dos fãs, pois eles podem conferir o trabalho.

LFR: Isso prejudica ou impulsiona as vendas de discos?

TSC: Enquanto as gravadoras tendem a se proteger da pirataria, encontramos uma alternativa muito bacana para lidar com isso, algo que não prejudicou as vendas do álbum, que já chegam à casa das 20 mil cópias. Muita gente ainda compra o CD, pois confia no trabalho.

LFR: Como foi a resposta da crítica em relação ao novo disco?

TSC: No disco anterior, Psicodelia, amor, sexo & distorção (2006), a crítica foi excelente, com 100% de aprovação por parte dos veículos especializados. Até então, nossos trabalhos eram tratados como uma espécie de subproduto. Não ouviam os nossos discos e nos préjulgavam, falavam que era ruim. Existem bandas que caem nas graças da crítica e outras que têm que trabalhar em dobro para conseguirem ser ouvidas. Fazemos parte do segundo grupo, mas conquistamos um espaço cada vez melhor. Novamente, a crítica e a aceitação do público têm sido ótima.

LFR: E o que vocês mudaram ou buscaram atingir em termos sonoros com o 'Retorno de Saturno'?

TSC: Experimentamos novos sons, uma nova abordagem para esse trabalho, que é um disco essencialmente de canções. A gente não se acomoda ou cristaliza nosso som. Produzimos discos de dois em dois anos. Nesse período, absorvermos uma série de novas influências.

LFR: Além da música, mudanças internas e outras expressões artísticas guiaram novos sentidos ao longo desses dois anos?

TSC: Sim, o contato com outras expressões artísticas e artistas, não somente do universo da música. Principalmente da literatura.

LFR: Fale um pouco mais dessa sua aproximação com a literatura. O que isso trouxe para sua vida e sua carreira?

TSC: Mudou tudo. Desde que passei a ler com maior intensidade, meu vocabulário e minhas idéias passaram a fluir, comecei a me expressar melhor.

LFR: Foi o ponto de partida para o projeto de poesia, o Voluntários da Pátria?

TSC: Sim, acredito que, apenas quando a população aprender e se interessar em ler, poderemos entender o Brasil. Nossos encontros nas madrugadas de terça-feira, na livraria Letras & Expressões, no Leblon, continua acontecendo. O projeto está indo bem, com diversas apresentações pela cidade. Contamos com doações de livros e já instalamos 16 bibliotecas populares em diversas comunidades carentes da cidade. A leitura é muito importante.

LFR: E o que você está lendo?

TSC: Bastante coisa, mas estou parado em livros do Marçal de Aquino. Eu o encontrei em um festival de artes de que participei, na semana passada, em João Pessoa (PB).

LFR: No festival, o Detonautas se apresentou com a Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba. Como foi a experiência?

TSC: Tocamos para cerca de 10 mil pessoas, o maior público do festival. Foi uma experiência incrível ser acompanhado por todos aqueles 80 jovens supertalentosos. A idéia foi tão bem aceita que um representante da nossa gravadora foi ao festival para acompanhar a apresentação. E agora estamos traçando os planos para um futuro DVD.

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