NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

quarta-feira, 31 de março de 2010

Two Door Cinema Club - Power trio para pista de dança

Aos 15 eles começaram uma banda, aos 17 desistiram da universidade e aos 18 esses três moleques irlandeses são apontados como a maior revelação dos últimos anos do país que colocou no mapa o U2. Alex Trimble (voz e guitarra), Kevin Baird (baixo) e Sam Halliday (guitarra) cresceram e estudaram música juntos, na pequena Bangor, e, ao que parece, prescindiram de um baterista na formação original para construir a sonoridade pulsante do álbum de estreia do Two Door Cinema Club, Tour history, fincada entre o indie e o eletro que catapultou mundialmente nomes como Bloc Party e que fez dos atuais companheiros de turnê, Phoenix, uma das maiores sensações de 2009.

– É tudo muito surreal, e tentamos não ler muitas das coisas publicadas sobre a banda – revela Baird. – Nos conhecemos e começamos a tocar muito cedo, na escola. Formamos uma banda de rock antes dessa que não deu certo, mas continuamos a fazer música. Nos permitimos compor sem qualquer pretensão, conceito ou ideia de como deveríamos soar.

Daft Punk como influência
Unidos por referências musicais bem distantes do que produzem hoje, como Biffy Clyro e At The Drive-In, antes de entrar no estúdio o trio passou a misturar o eletro rock francês e alemão com o rock alternativo americano em produções caseiras a bordo de um laptop. A evolução da sonoridade está presente no debute, lançado este mês. Nele, usam a formação de power trio para passar longe do punk e acertar um indie rock sob medida para as pistas; resultado da fusão entre Death Cab For Cutie, aparente no timbre e nas linhas melódicas de Alex Trimble; com a base rítmica de Daft Punk e Digitalism.

– São alguns dos artistas que nos influenciam, mas não queremos deixar ninguém construir a ideia do que somos ou de como soa a nossa música.

Apesar da ascendência meteórica que infla o perfil do MySpace com mais de dois milhões de visitantes e uma agenda lotada, o TDCC passou por alguns maus bocados antes de ganhar a chancela do selo alternativo americano Glassnote. Foram quase dois anos de turnê em casas pequenas, sem bandas de apoio ou atenção da mídia.

– Ultrapassamos uma série de barreiras. A primeira delas foi conseguir sair da Irlanda do Norte e fazer os primeiros shows na Inglaterra sem conhecer ninguém – conta o baixista. – Rodamos a Europa num lixo que não chegava nem a ser uma van. Ficamos nessa por uns dois anos, sem ganhar dinheiro algum, até que conseguimos ganhar um pouco de destaque.

Tourist history começou a ser escrito há três anos, mas as gravações avançaram a partir do meio de 2009, em Londres. Produzido por Elliott James (Bloc Party) e mixado pelo ícone do house francês Phillipe Zdar (Phoenix e Justice), o disco alterna momentos de urgência com melodias delicadas e assobiáveis.

– As gravações foram muito intensas – diz Baird. – Tentamos criar uma atmosfera única que fluísse do início ao fim do disco, mas com sonoridades e timbres variados. Acho que deu certo e é inacreditável que agora temos um disco pronto, nas prateleiras das lojas. Acho que sonhamos com isso desde os 15 anos.

Não faz tanto tempo. E talvez por isso que os versos cunhados por Alex Trimble circundem dois pontos temáticos aparentemente simples: relacionamentos amorosos frustrados (“Mas não são canções de amor convencionais, evitamos o clichê”, ele diz) e versos que transitam pelo universo dos romances de formação, ou seja, o crescimento dos jovens músicos ao longo dos últimos três anos.

– Falamos sobre relacionamentos e todas as nossas experiências até agora, os altos e baixos que passamos juntos – resume o baixista.

Baird revela que antes de gravar o disco, dada tenra idade dos rapazes, uma questão fundamental se impôs: escolher entre a segurança de uma formação acadêmica e um emprego convencional ou se arriscar no meio de toda incerteza e adrenalina que rondam o atual mercado da música pop. Faixas como Undercover Martyn, What you know, I can talk e You're not stubborn perpassam tais questionamentos e inseguranças, mas reverberam, acima de tudo, uma energia jovem, certeira e em plena combustão.

– O disco como um todo reflete essa transição. Escrevemos sobre tudo que nos manteve no caminho e nos fez acreditar que se a gente trabalhasse muito tudo iria dar certo – explica.

Enquanto o verão europeu se aproxima e a temporada de festivais anuncia suas atrações, o trio já conta com lugar cativo nos maiores eventos do ano, como Hurricane, Oxegen, T in The Park, Benicàssim, Reading e Leeds Festival, entre outros. O segredo da agenda repleta até setembro eles não sabem, mas a faixa Something good can work parece resolver o mistério: talento.

– Sabemos que temos boas canções e que podemos fazer uma carreira com elas. Ter essa confiança é tudo o que precisamos. Não queremos ninguém para nos dizer que seremos a próxima grande banda. Isso serve apenas como instrumento de pressão.

Veja essa: Something good can work




E mais aqui: http://www.myspace.com/twodoorcinemaclub

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