
Era claro que a menina era diferente, tinha algo além da superfície; e em vez de apenas romantizar à frente da TV, embebida por seriados teen, filmes pipoca ou revistas/sites de fofoca – algo comum na sua idade –, naturalmente ela se deixava guiar e passar o tempo imersa em romances e poemas. Não que seus versos refletissem uma intelectualóide esnobe em formação. Apenas denotavam uma carga de entrega admirável, passavam longe do risível, do lugar-comum e da banalidade. Se falava de amor, surpreendia pela maturidade com que abordava o tema, se lançava os olhos para solidão, era nítida a sinceridade como encarava o que dizia...
O fato é que Marling cresceu, bateu a casa dos 20, rompeu com o primeiro grande amor, tingiu o cabelo louro branco de castanho, modelou a voz antes falseada em tom mais grave e encorpado, e rascunhou versos mais melancólicos para ressurgir com o segundo disco de carreira. O título, I speak because I can. Pretensão e empáfia inglesa? Nada disso. Apenas, se permite a falar sobre perda, culpa, medo, morte e solidão sem tanta timidez. Pena que a aura ainda mais densa deste novo trabalho tenha retirado de sua poesia um pouco de cor, de frescor pop, e de uma saudável ingenuidade, notada desde a arte gráfica até os videoclipes que envolviam o début. I speak because I can é um disco para ser absorvido aos poucos, esmiuçado em suas quebras melódicas e sentido em seus baques percussivos. Uma jornada intensa.
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