NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Metallica, The Virgins e João Donato

Gravado ao longo de três noites consecutivas na Cidade do México, o novo DVD do Metallica conta com o fervor de um público de mais de 50 mil pessoas para dar sentido a um subtítulo um tanto quanto genérico – e até certo ponto cafona: orgulho, paixão e glória. No entanto, ao longo de quase duas horas e meia de performance, nenhum dos termos fica sem resposta à altura. São tais palavras que ventilam a cabeça após um banho de riffs pesados e baterias devastadoras comandados pelo quarteto de quarentões, recém-ingressados no Rock and Roll Hall of Fame. Entre as 19 canções que recheiam o trabalho, um documentário registra, além dos bastidores do show, com ensaios da banda e detalhes sobre a produção, a carga de energia expulsa pelos fãs mexicanos, todos vestidos de preto, segurando guitarras, livros, discos e uma infinidade de souvenires.

O registro é o ponto alto da World magnetic tour, mega turnê que traz o grupo pela quarta vez ao Brasil neste fim de semana – hiato de mais de uma década desde a The garage remains the same tour (1999). Para os fanáticos cariocas, que ficam sem o show da banda no Rio, o DVD serve como alento – ou como um belo aperitivo para pegar a primeira conexão rumo a São Paulo. Ao vivo, a vitalidade da banda e do público é resultado do bem sucedido Death magnetic, lançado em 2008, em que a banda resgata a sonoridade mais crua de álbuns como Master of puppets e ...And justice for all. Não à toa, recebem o público com Creeping death, seguida pela devastadora For whom the bell tolls e Ride the Lightning – lançadas em 1984. Daí, partem para Disposable heroes, de Master of puppets (1986) e One, de ...And justice for all (1988) até chegar em Broken, beat & scared, do mais recente disco, Death magnetic (2008).

A sequência evidencia o quanto segue ativa a química entre os dois integrantes originais, James Hetfield e o batera Lars Ulrich. Muito mais que máquinas propensas a reciclar a combustão gerada em São Francisco, no início dos anos 80, a dupla, apesar dos cabelos e barbas brancas, continua intensa, ao lado de Kirk Hammett e Robert Trujillo. “Não somos máquinas. Mudamos o setlist todas as noites e não tocamos as músicas como estão nos discos porque é assim que funcionamos melhor. Queremos voltar ao que era feito há alguns anos. Sinto que falta humanidade e ainda somos quatro caras que curtem tocar juntos. E isso ajuda tudo a se tornar mais real”, diz Ulrich. Passeando por clássicos como The memorie remains e The unforgiven, assim como pela furiosa Sick & destroy, que fecha o show, ele mostra o quanto está certo.


For whom the bell tolls:




The Virgins - The virgins: Donald Cumming assinou contrato com a Atlantic antes mesmo de ter uma banda. Carregava na mente noites entorpecidas e nas mãos um punhado de potenciais hits. Neles, presta tributo a ícones do art rock, como Talking Heads, e do underground nova-iorquino, como o Velvet Underground. Une a crueza do rock de garagem a levadas funkeadas, o que faz de Rich girls sucesso em qualquer pista de dança. Mas carece de originalidade.

João Donato Trio - Sambolero: Com a tropicalidade de Amazonas, João Dontao introduz este Sambolero, acompanhado pelo elegante baixo de Luiz Alves e a preciosa dinâmica rítmica de Robertinho Silva. O repertório traz parcerias com Paulo Sérgio Valle (Quem diz que sabe), Caetano Veloso (Surpresa e A rã), Gilberto Gil (Bananeira e Lugar comum), entre diversas outras em que seu piano empresta cor e contornos sofisticados. A boa surpresa é a participação de Zeca Pagodinho, em Sambou, sambou.


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