NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Coldplay - Os bons moços no topo do mundo

Chris Martin pode ser considerado o rock star padrão dos anos 2000. Confuso, melancólico e inseguro – e bom moço também, é claro. Portanto, nada afeito à linhagem rebelde que a tradição do gênero talhou como forma dos anos 60 em diante. Martin, que se apresenta à frente do Coldplay neste domingo na Apoteose, prefere alinhar sua persona à cinematografia de Woody Allen. Estranho? Nem tanto. Ao longo da carreira, foram muitas as referências ao cineasta, além de depoimentos que poderiam sair diálogos entre os mais paranóicos personagens do diretor.

– Eu nunca escuto os meus discos, porque eles me fazem desmanchar em lágrimas e suar frio – disse certa vez.

Ao contrário do cantor, que se nega a escutar suas próprias canções, cerca de 40 mil cariocas estão em contagem regressiva para se espremer na passarela do samba em busca e se desmanchar em suor e lágrimas – mas de prazer – com os hits da banda. A Viva la vida tour, que cumpre uma de suas últimas pernas na América do Sul, é uma superprodução que acumula desde 2008 cerca de US$ 212 milhões, além de três milhões de espectadores em mais de 25 países.

Contando com uma megaestrutura de palco, a apresentação toma como base o repertório do quarto álbum dos ingleses, Viva la vida or death and all his friends. No repertório, as recentes Violet hill, Viva la vida, Lovers in Japan, Lost! e Strawberry swing dividem espaço com os maiores sucessos do grupo, como Clocks, Yellow, In my place, The scientist, Speed of sound, Fix you, entre outros. É mais um supershow internacional a monopolizar a atenção dos cariocas, que ainda terão em breve as presenças do Guns’n Roses, A-Ha, Franz Ferdinand e Simply Red.

A tão aguardada apresentação do Coldplay conta com aperitivos de primeira. Uma das maiores revelações do cenário alternativo atual, a banda Bat for Lashes entra no palco às 18h50. Criado em 2005, o projeto solo da cantora e multiinstrumentista Natasha Khan conta com dois álbuns de carreira e uma porção de indicações às maiores premiações da música britânica. Aos 31 anos, a morena nascida em Londres e descendente de paquistaneses aposta numa azeitada mistura de pop, folk e eletrônica. Indicada ao Mercury Prize pelo seu mais recente trabalho, Two suns, e ao Brit Awards, na categoria Melhor Artista Solo Feminino, Natasha explora uma série de dualidades em letras nada convencionais. Amor, ódio, dor, personalidades dúbias e conflitos existenciais recheiam o campo temático esculpido pela talentosa cantora.

Em seu novo álbum, que conta com a participação de integrantes do badalado trio nova iorquino Yeasayer, Natasha incorpora um alter ego chamado Pearl; uma femme fatale loura, autocentrada e destrutiva. Produzido por Dave Kosten, que também assina o seu álbum de estreia, Fur and gold (2006), Two suns é um álbum soturno, que remete ao trabalho de artistas como Kate Bush, Tori Amos e Goldfrapp, e tem no single Daniel seu maior trunfo.

Antes de Natasha Khan adentrar a Apoteose, os roqueiros do Vanguart abrem os trabalhos a partir das 18h. Considerados uma das mais promissoras revelações do cenário alternativo brasileiro, os garotos de Cuiabá atacam com canções diretas e dançantes, que bebem nas raízes da música americana, mais precisamente o blues e o folk.


Viva la vida



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Há 10 anos, com Yellow

Um comentário:

marcelo alves disse...

Um bom show domingo. Gostei também do Bat for Lashes. Bem interessante. Natasha Khan parece com a Bjork na maneira de cantar, embora seja musicalmente mais interessante do que a islandesa.