NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Um banquete em cena no CCBB

Uma oportunidade rara. Montagens consagradas pela crítica e público, criadas por seis das mais renomadas companhias de teatro do país, e, é claro, encenadas por prestigiados diretores. Uma verdadeira odisséia teatral toma conta, a partir de hoje e até o dia 12 de outubro, das salas de teatro do Centro Cultural Banco do Brasil. Ao todo, 12 espetáculos compõem a mostra CCBB no teatro – 20 anos de companhias, uma retrospectiva especial que marca o início das comemorações do aniversário do centro. Durante quase um mês, os grupos Armazém Companhia de Teatro, Cia. Dos Atores, Grupo Galpão, Amok Teatro, Cia. Teatro Autônomo e Grupo Sobrevento se apoiam em textos próprios e de consagrados dramaturgos como Shakespeare, Bertolt Brecht, Samuel Beckett, Antonin Artaud, entre outros. Cada um apresenta dois espetáculos pinçados do repertório próprio – alguns ainda inéditos.

– O acolhimento do projeto é reflexo da importância que o CCBB dá ao trabalho das companhias. Será uma overdose com com mais de 30 apresentações. Na verdade, o grande homenageado é o público – destaca o produtor Sergio Saboya. – Sempre trabalhei para conseguir reunir companhias de renome num único projeto. Fizemos um levantamento entre as dezenas de companhias que já passaram pelo CCBB e elegemos as peças que poderiam ser montadas, dada a disponibilidade dos atores e do repertório. São textos, diretores e grupos que dispensam comentários. Nomes de peso.

Na primeira semana, o grupo paulista Sobrevento aporta com o inédito Orlando furioso – quarta e quinta, às 20h. Baseado no texto homônimo de Ludovico Ariosto, o espetáculo narra a história de amor que levou o maior paladino da França à loucura. Dirigido por Luiz André Cherubini, a montagem conta com quatro atores-manipuladores que movimentam bonecos por vergalhões de ferro. Também dirigido pelo grupo, de sexta a domingo, o infantil Mozart moments dá conta de trechos curiosos da vida do compositor: brigas com a mulher e as confusões em que se meteu até a sua morte.

– Orlando furioso é um espetáculo adulto, que revela o nosso crescimento, com a modificação e a evolução de técnicas do teatro de animação, que desenvolvemos desde Mozart moments – conta o diretor. – E é um orgulho reapresentar essa peça que, em 1991, legitimou o nosso grupo como profissional, numa montagem no CCBB. Tínhamos apenas cinco anos de existência, mas já trazíamos inovações, como manipuladores aparentes que contracenavam com os bonecos. É um prazer completar esse arco.

Na semana que vem, o Amok Teatro põe em cena, entre os dias 23 e 25, Cartas de Rodez. O texto é uma seleção das cartas do dramaturgo francês Antonin Artaud destinadas ao psiquiatra Ferdière, durante o período em que esteve internado num manicômio, de 1943 a 1946. Em seguida, nos dias 26 e 27, O dragão parte de depoimentos reais sobre conflitos entre palestinos e israelenses para tratar dos horrores da guerra.

Dirigida por Enrique Diaz, Ensaio.Hamlet marca a passagem da Cia. dos Atores. Dirigida por Diaz, atualmente em cartaz com a celebrada In on it, a peça se debruça sobre o universo da mais célebre obra shakespeareana, numa autópsia que investiga experiências vividas tanto pelos personagens como pelos atores em cena. Nos dias seguintes, 2 e 4 de outubro, Bait man, escrita por Gerlad Thomas, aprofunda uma análise sobre o homem contemporâneo, desvelando medos, desejos e ambições.

– É um prazer voltar com a peça ao Rio. Mudamos, por sugestão do Gerald, de Bate man para Bait man. Tem mais a ver com o meu personagem, que é um homem-isca, atrai as coisas boas e ruins que acontecem no mundo, inclusive a própria violência que o envolve – explica o ator Marcelo Olinto.

A partir do dia 6, a Cia. Teatro Autônomo encena Deve haver algum sentido em mim que basta. Já nos dias 7 e 8, o Grupo Galpão toma conta da Praça dos Correios com Um homem é um homem, peca escrita por Bertolt Brecht entre 1926 e 1956, ano de sua morte. A obra mistura elementos de cabaré, circo, teatro de rua, música e teatro épico para narrar a transformação do estivador Galy Gay numa máquina de guerra. Nas mesmas datas, a Armazém Companhia de Teatro encena o clássico Esperando Godot, de Samuel Beckett. Nos dia 9 e 10, o combo mineiro de teatro de rua monta seu mais recente trabalho, Till, de Luís Alberto de Abreu. A peça é construída a partir do personagem popular alemão Till Eulenspiegel. Fechando a programação, nos dias 10, 11 e 12, a Cia. Teatro Autônomo encena Nu de mim mesmo, enquanto o Armazém presta tributo a Nelson Rodrigues, com a montagem de Toda nudez será castigada.

Nenhum comentário: