NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O grito muda de tom em 'Backspacer'

Após uma meteórica passagem pela Praça da Apoteose, em 2005, prestes a lançar Pearl Jam (2006) – disco que registra uma banda afiada em composições de alto nível – Eddie Vedder e seus quatro parceiros de palco voltam a acertar a mão em seus respectivos instrumentos. De bate-pronto, recebem os fãs com a incendiária Gonna see my friend, faixa de abertura para o aguardado Backspacer que, no Brasil, será lançado pela Universal. Seus primeiros versos, linhas de guitarra e grunhidos arregaçados expulsos por Vedder reverberam uma fúria e uma crueza que remetem ao frescor e a vitalidade da outrora banda iniciante, que se pôs no mapa com o lendário Ten (1991) e se consagrou com o sucesso dos álbuns seguintes. Coincidência ou não, Backspacer leva a assinatura do produtor Brendan O’Brien, responsável pela “tetralogia” que sucedeu o debute, composta por Vs. (1993), Vitalogy (1994), No code (1996) e Yield (1998).

Com todas as faixas guiadas pelas letras de Vedder, os créditos para a terceira canção do disco, o single The fixer, dão o tom do que o PJ começou a tramar nas sessões demo realizadas desde o início de 2008. Escrita em parceria com o baterista Matt Cameron e os guitarristas Mike McCready e Stone Gossard, a bomba de 2m57s revela o caráter colaborativo de Backspacer. Das 11 faixas que o esculpem, cinco levam o talho exclusivo de Vedder, quatro de Gossard, duas por McCready e Cameron e uma pelo baixista Jeff Ament: a impactante Got some, que narra as desventuras de um traficante que negocia a sua mais poderosa droga – uma canção de rock.

Com temas que variam em dois a três minutos de duração, o nono trabalho da banda não patina em gorduras em seus 36m33s. Muito pelo contrário, conduz o ouvinte a uma jornada seca, intensa, rápida e visceral, que libera e expele de suas letras uma espécie de leveza, talvez nunca antes ouvida nos trabalhos precedentes do quinteto. Não há espaço para o lúgubre, para o ar depressivo. Cada grito lancinante catapultado por Vedder assume caráter oposto. Em vez da dor, angústia e sofreguidão estampados em seus trabalhos iniciais, sugerem redenção, alívio, ou até liberdade.

Em entrevistas, o cantor chegou a dar sinais de que a eleição de Obama o ajudou a encarar o mundo de outra forma, e que suas canções, pela primeira vez, refletem um estado de catarse gerado pela esperança e não pela desilusão. Não que o universo do Pearl Jam, os EUA e o mundo agora reinassem em completa e reconfortante paz zen-budista. Nada disso. Mas despida de intenções e mensagens politicas deliberadas, o grupo finalmente concentra-se no que há de mais essencial em toda a sua trajetória: manufaturar melodias e refrões que em poucas audições possam saquear definitivamente a atenção dos mais distraídos ou incrédulos ouvintes.

Após marcar o terreno com um início frenético, guiado por quatro petardos arremessados um atrás do outro, com o desfecho acenado pela elétrica Johnny guitar, o álbum aquieta-se. A balada Just breathe re tém melodias e arranjos de intenção folk, que poderiam integrar a trilha sonora assinada por Vedder para o longa-metragem Na natureza selvagem, dirigido por Sean Penn. E soa, assim como The end, que encerra o álbum, como uma pungente canção de amor. Daí para frente, Backspacer se sustenta mesclando pontos altos como Amongst the waves e outros não tão inspirados, como Supersonic, que serve-se de uma levada ligeiramente punk para falar sobre o amor pela música, e Speed of sound, único momento em que, enfim, certa tristeza ressoa.

Justo no ano em que se completam duas décadas do lançamento de Bleach (1989), primeiro álbum do Nirvana, a banda “rival” do movimento grunge que eclodiu em Seattle parece oferecer um cardápio tão ou mais sortido aos fãs. Além de Backspacer, em março, Ten ganhou relançamento em quatro diferentes edições, todas remasterizadas e mixadas por Brendan O’Brien, com direito a extras como um DVD para oMTV Unplugged de 1992 e um LP da performance realizada pelo grupo também em 1992, no Magnuson Park, em Seattle. Todas as novidades servem como prévia ao relançamento de todo o catálogo da banda, além de um longa dedicado à história do grupo, a ser dirigido por Cameron Crowe, planejado para chegar ao circuito em 2011, quando completa-se o ciclo de 20 anos desde a explosão do Pearl Jam.

The Fixer, dirigido por Cameron Crowe:




7 comentários:

marcelo alves disse...

Não vejo a hora de ter o meu disco em mãos. Outubro está cada vez mais perto.
Só uma correção, o show do Pearl Jam foi em dezembro de 2005, mais precisamente no dia 4, antes, portanto, do lançamento do disco "Pearl Jam" com sua capa azul estampada por um abacate, que, se não me engano, saiu em março de 2006.
abs,
marcelo

Anônimo disse...

primo de sergio sampaio

Anônimo disse...

primo de sergio sampaio

Anônimo disse...

nilton de souza moraes

Anônimo disse...

nilton de souza moraes

Anônimo disse...

nilton de souza moraes

Anônimo disse...

nilton de souza moraes