
– Gosto das coisas simples da vida. Acabei de voltar de bicicleta do mercado dos fazendeiros aqui perto... Comprei um monte de frutas e verduras. Estou tentando ser saudável essa semana e me afastar dos cheeseburguers. As coisas voltam a ficar malucas daqui a poucos dias. Tenho que aproveitar – brinca a cantora, que embarca no dia 14 para uma turnê europeia. – O disco está saindo e estou vivendo essa espera. Me preparando, promovendo e começando a fazer os primeiros shows. Então, quando não estou ocupada, aproveito para descansar, ficar em casa, cozinhar, sentar no gramado sob o sol...
Nascida em Rock Island, Illinois, às margens do caudaloso Mississipi, Lissie parece ter sido teletransportada de uma comunidade hippie californiana dos anos 60. Dona de longos e desgrenhados cabelos louros, que emolduram sua pele sardenta, se veste com roupas puídas e desbotadas de uma típica colegial do interior. O ar de timidez e certa ingenuidade protege um diamante em fase de lapidação. Movida por ícones folk como Johnny Cash, Stevie Nicks & Chrissie Hynde e comparada a nomes como Cat Power, Feist e Sheryl Crow, não dá muita importância às tentativas de definir seu estilo. Diz que, como muitos adolescentes da sua geração, cresceu “escutando gangsta rap e uma porção de outras coisas” que igualmente serviram como influência.
– Cresci ouvindo musicais, os standards, folk, blues e rock classic, mas sempre mudando, abrindo espaço para outras coisas. Ano passado mergulhei nos discos de Bobbie Gentry e Fleetwood Mac – conta.
A consciência aberta e atenta a diversas vertentes da música pop se revela no canal de YouTube da moça. Lá, se destacam versões brilhantes para canções de Lady Gaga (Bad romance) e Metallica (Nothing else matters), ícones do pop e do metal um tanto quanto afastados do arquétipo bluesy que molda suas canções. De fato, a versatilidade é um dos grandes trunfos da artista, mas foi justamente por sua multifacetada personalidade que ela teve de mergulhar fundo até encontrar o tratamento estilístico adequado às suas canções.
– Passei algum tempo tentando descobrir um caminho para este trabalho solo, fazer com que ele tivesse um estilo. Depois que montei a minha banda no ano passado tudo ficou mais claro – explica a cantora. – Toquei sozinha em bares e na noite por muito tempo e queria que o disco tivesse mais força ao mesmo tempo que fosse versátil. Tive muita sorte de poder contar com músicos incríveis e de ter autonomia para dizer o que eu gostava ou não.
Tintas confessionais Gravado entre Holywood, Nashville, Carolina do Norte e algumas sessões caseiras em Ojai, Catching a tiger mescla canções embaladas por arranjos orgânicos, captadas nas primeiras gravações comandadas por Bill Reynolds, assim como faixas mais condicionadas aos padrões radiofônicos, assinadas por Jacquire. A liberdade em poder trabalhar com dois produtores é destacada pela cantora.
– Acho que o Bill vai se tornar em pouco tempo um daqueles produtores lendários, que ficam marcados na história – aposta Lissie. – Tive sorte em poder contar com músicos incríveis e de ter Jacquire por perto. Ele é um super profissional. Confiei totalmente nele nele para encontrar o que eu precisava, mesmo sem saber muito bem como controlar e planejar as coisas dentro do estúdio. Apenas entrava lá e torcia pelo melhor.
Construído como uma tentativa de se recuperar de um relacionamento amoroso frustrado e em meio a angústia de descobrir seu lugar no mundo, o disco apresenta uma compositora confessional, de veias quentes e abertas para o amor e conflitos internos que rangem a alma.
– Estava tentando me recuperar... Componho instintivamente, apenas quando eu sinto que devo. Já tentei escrever e me guiar por determinados assuntos, mas entendi que as minhas melhores letras surgem quando estou realmente sentindo.
Bad Romance (Lady Gaga):
When I'm alone:
Um comentário:
"O ar de timidez e certa ingenuidade protege um diamante em fase de lapidação". Fantástico! Adorei o som!
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