“How`re the tings on the west coast ?”
O verso mais comentado do momento é a indagação ou deixa para o início de mais uma jornada ao sombrio universo do Interpol. A frase é o que Paul Banks, líder do quarteto nova-iorquino, vocifera na abertura do mais novo single da banda, The Heinrich Maneuver. Nova Iorque anda mesmo precisando de um grito de alerta. Junto aos Strokes, Yeah, Yeah, Yeahs e The Rapture, o Interpol fecha o “quarteto fantástico” de boas bandas surgidas a partir de 2000, numa cena que anda um tanto quanto parada ou como comentam por aí, infestada de hipsters!
Por enquanto a pergunta de Paul Banks serve de alento, pra dizer que a banda ainda está na área. Sofrendo na costa-leste por frustrações amorosas ancoradas no lado do Pacífico, o cantor flerta com o trágico, seja através de suas letras romântico-niilistas, quanto pelas guitarras e vocais cortantes e cada vez mais elétricos. O vozeirão monotônico e encorpado de Banks ainda é responsável por cerca de 70 por cento da aura soturna que envolve a banda, que, analisando friamente, fez até hoje um rock simples, cru em boa parte das canções, mas sempre desenvolvido sob uma atmosfera climática e de grandes ambiências.
Ao unir os solos espaciais da guitarra de Daniel Kessler às levadas e ritmos dançantes criados pelo baterista Sam Fogarino e pelo baixista Carlos D, o Interpol se conecta a um universo caótico, ainda mais urgente e apocalíptico em seu terceiro álbum, “Our Love to Admire”. Diferente dos trabalhos anteriores, as novas composições foram desenvolvidas a partir de bases de teclado, como se o Interpol tivesse incorporado um quinto membro oficial a seu line-up. A utilização expressiva das teclas pode ser notada desde a primeira e ótima faixa, Pioneer to the Falls, e pluraliza a sonoridade de uma banda, que sempre vislumbrou em seus obscuros arranjos uma grandiosidade paradoxal às sensações de clausura e introspecção geradas por suas canções.
Produzido por Rich Costey – mentor dos dois últimos álbuns do Muse, “Absolution” e “Black Holes and Revelations”, e também do último do Franz Ferdinand –, “Our Love to Admire” é repleto de novas e orquestrais texturas, que garantem, através dos sintetizadores, ainda mais peso e sofisticação ao som da banda. Não que o resultado supere em definitivo o clássico álbum de estréia “Turn on the Bright Lights” (2002) ou hits como Evil, do também aclamado “Antics” (2004), segundo álbum de carreira. Suas novas e densas onze canções, atravessam o ouvinte com a rapidez e o impacto de um raio, que ilumina o caminho nebuloso em que perpassam com cada vez mais freqüência superficiais bandas do cenário rock-camisa- pólo inglês ou dos emos norte americanos.
Como um pregador sinistro e altamente convincente Paul Banks rege com segurança o som de sua banda, influenciada pelo pós-punk inglês de The Cure, Echo and the Bunnyman e Joy Division, mas sem emular seus lideres, Robert Smith, Ian McCulloch e Ian Curtis respectivamente. O que os diferencia de sua imediata linhagem musical é a América, mas precisamente o caos nova-iorquino proferido pelas notas tortuosas, distorcidas e pesadas dos riffs desenvolvidos por Banks e principalmente por Kessler. A melancolia inglesa é transformada em catárticas intervenções de Paul Banks e cia, que têm nas faixas No I In Threesome, Mammoth e Rest My Chemistry grandes momentos de “Our Love to Admire”.
O novo trabalho marca muito bem a diferença entre o Interpol e aquilo que seria a resposta inglesa ao sucesso da banda, os ingleses do Editors, que acabam de lançar seu segundo álbum, o irregular “An End has a Start”. O quarteto de Birminghan ainda não conseguiu exorcizar os perturbadores fantasmas de Ian Curtis, e seu líder, Tom Smith, parece viver no limite entre esquizofrenia, dupla personalidade e idolatria desmesurada. “Our Love to Admire” posiciona o Interpol como uma das forças mais intensas do cenário atual. Passionais do início ao fim, eles são a prova de que carga emocional sincera, longe do melodrama emo, ainda é possível e extremamente necessária ao rock moderno.
Confira: www.myspace.com/interpol
NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS
quarta-feira, 11 de julho de 2007
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