NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

segunda-feira, 11 de junho de 2007

The Bravery - The Sun and the Moon

Produzido por Brendan O`Brien – mentor de álbuns do Rage Against the Machine, STP, Audioslave e Velvet Revolver – o novo disco do The Bravery abre com uma das canções mais chicletes das últimas semanas, “Believe”. Mostra, de cara, o quanto a banda evolui neste novo “The Sun and the Moon”. Como assinala um dos versos do refrão, “give me something to believe”, este que vos escreve precisava de uma canção deste naipe para dar o crédito que publicações como a Rolling Stone e Village Voice anunciavam dois anos atrás.

O quinteto, que se apresentou no Circo Voador no final do ano passado para testar algumas das novas canções, segura a boa onda na faixa seguinte, “This is not the end”. Canção pop-rock bem conduzida e uma das melhores do disco, é o bastante para distrair minhas já sonolentas estações auriculares – são duas horas da manhã de uma segunda-feira pós feriadão. O sugestivo título, no entanto, é prenúncio contraditório do que o álbum nos reserva. Parece que não estamos tão distantes do fim, já que a banda a partir da metade do álbum revela falta de munição para sustentar a pegada.

Enquanto a derrocada não chega, ainda há tempo para que notas espaciais de guitarras perfurem delicadamente meus tímpanos, enquanto que um coro de “Ôooo Ôooo Ôooo Ôoos” faz o balançar de cabeças digno de boa música ser iniciado. “Every word is a knife in my ear” conduz, assim, minhas cansadas articulações ósseas a esquisitos movimentos performáticos. A faixa é responsável pelos momentos mais divertidos que uma banda de visual punk moderno ou pós-gótico poderia nos oferecer.

Quando é chegada à hora de escolher o single do novo trabalho é que os caras patinam. Escolhem uma das mais insossas baladas do disco, “Time won`t let you go”, como se ela fosse garantia de que as rádios americanas de rock moderno, infectadas pela onda emo de bandas farsantes como Fall Out Boy e Panic! At the disco, os desse atenção.

Perdem a oportunidade de mostrar ao público o que de melhor têm a oferecer, a combinação da esfumaçada aura indie nova-iorquina, rocks dançantes conduzidos por sintetizadores e influências de levadas eletrônicas. Se o The Bravery apostasse com mais força no mercado europeu, ou se fossem filhos legítimos do cenário inglês, talvez não precisassem se dobrar tanto às regras mercadológicas da insípida cena norte-americana.

O problema de “The Sun and the moon” é a irregularidade de suas canções. Melancolia, solitude e perturbação exalam da intimista “Tragedy Bound”, assim como mediocridade sonora estampa faixas como “Angelina”. Ora soam como uma banda profundamente inspirada, com melodias encantadoras, mesmo que soturnas, e, segundos depois parecem se lembrar do business que os cerca e a esperança se esvai.

Managers neuróticos esmurrando a porta dos estúdios de gravação devem ser a causa de um álbum que se divide em duas propostas: o que a banda poderia ser se tivesse coragem e aquilo que o mercado gostaria que eles representassem. A&Rs da Island Records, ansiosos em saber o que o quinteto aprontava ao lado de O`Brien, devem ter forçado a memória dos rapazes a lembrar que hits radiofônicos são imprescindíveis para uma economia fonográfica saudável. O perigo disto é que algumas tentativas afoitas acabaram em resultados catastróficos. Se o disco sugere a união do astro-rei com a lua, a impressão que fica é que o esperado eclipse sonoro não ocorre. Uma pena.

The Bravery - Time won`t let you go


Confira: www.myspace.com/thebravery

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