NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sholi, Department of Eagles, Grizzly Bear, Black Box Revelation, The Big Pink, St Vincent, Delphic e Golden Silvers


# SHOLI - Sholi (e não Shaolin, como o Youtube sugere) é um dos achados da semana. O trio formado por Payam Bavafa (vocal, guitarra e principal compositor), Eric Ruud (baixo) e o impressionante Jonathon Bafus (batera) vem de São Francisco e aposta num rock sinuoso, meio prog meio jazzy, mas com uma veia pop intencional e bem definida. O que torna a banda interessante é que em meio a tantos timbres, beats em compassos desconcertantes e composições nada lineares – nunca retornam ao ponto de onde começaram a jornada – belas melodias e o vocal cristalino de Bavafa deixam a confusão palatável. O disco de estreia, produzido pelo batera do Deerhoof, Greg Saunier, foi lançado pela Touch and Go em fevereiro. O que ouvimos é algo próximo a Radiohead, Grizzly Bear, Departmente of Eagles, Sonic Youth e por aí vai...

Clique para ouvir: November through june

# DEPARTMENT OF EAGLES - Falando em Departmente of Eagles (que, ao primeiro contato, achei muito mais inventivo, melódico e de canções melhor estruturadas que o grupo oficial de Daniel Rossen, Grizzly Bear), os caras lançaram na última semana, no Moma, essa beleza de clipe. No one does it like you é uma das mais melhores faixas de In ear park (2008), um verdadeiro parque de diversões para audiófilos.




# GRIZZLY BEAR - Mas voltando ao Grizzly Bear. Parece que os caras tomaram consciência de que as amplas e cinematográficas ambiências do début “oficial” Yellow house (2006) resultava paradoxalmente num fechamento ou hermetismo folk e psicodélico – mesmo que a crítica indie à Pitchfork e até o New York Times tenham o adotado de imediato como um clássico. O fato é que o novo álbum do quarteto, a ser lançado em maio, mas já disponível a um simples digitar de “Veckatimest Grizzly Bear blogspot” no Google, é mais bem dotado de canções. É um registro direto e não dispersivo de melodias e refrões originalíssimos; algo mais próximos do que o Department of Eagles intentou há um ano. A começar pela faixa Two weeks, lançada em primeira mão no palco do programa de David Letterman (abaixo). Na oportunidade, os músicos apresentavam o EP Friends, que continha material inédito além de covers de hits como Knife em versões desenhadas por Cansei de Ser Sexy, Atlas Sound e também Band of Horses.



# BLACK BOX REVELATION - Navegando entre novidades como o novo álbum do grupo francês Phoenix, e o bom singles 1901; paro no duo belga The Black Box Revelation. Apostam no provavél para uma banda com apenas guitarra e bateria: punk rock carregado nas raízes do blues, assim como o Black Keys e o White Stripes já o fizeram com melhor refinamento e acerto. O BBR cerca-se do legado mais próximo do pré-punk de Iggy Pop & The Stooges e vai até bem na urgente e barulhenta Love, love is on my mind.


I think i like you:



# THE BIG PINK - Seguindo a onda de duos, dessa vez chegamos aos ingleses do Big Bink. Super incensados no começo do ano em muitas daquelas pretensiosas listas que tencionam definir os novos fenômenos da música pop do ano em vigor, os achei espantosos e obscuros demais para incluí-los na lista de apostas publicada no Caderno B. A dupla bebe da eletrônica num som denso recheado de sintetizadores pra lá de pesados. Uma verdadeira usina! Duro de engolir, difícil de digerir, mesmo sob o guarda-chuva da cultuada gravadora 4AD (TV on the Radio, St Vincent, Department of Eagles, Bon Iver, Beirut) e da sempre sedutora maquinaria do semanário inglês NME. Música concreta, violenta e ousada, mas de melodias não tão memoráveis e intensas quanto a capa que as veste.


The Big Pink - Velvet from rob hawkins



The Big Pink- Too young to love from rob hawkins

# ST VINCENT - Companheira de selo do The Big Pink, a cantora St Vincent (ex-The Polyphonic Spree e com passagens ao lado de Sufjan Stevens) lança seu segundo álbum, Actor dia 5 de maio, mas você já o encontra com facilidade digitando parcas palavras no senhor das buscas. Exímia guitarrista e de voz delicada, a moça que vem do Brooklyn ataca mais uma vez com seu punhado de canções feito sob medida para trilhas de cinema. Mas a bordo de Actor ela infelizmente não consegue transpor o universo sonoro do inspirado Marry me, em 2006 (Beggars Banquet), que repousava pérolas como Your Lips Are Red, Marry Me e Paris Is Burning.


Actor Out Of Work


Paris is burning:



# DELPHIC - Enfim uma banda nova banda inglesa ousa ultrapassar a barreira do último hype sustentado pela new rave. Dando adeus às sirenes ravers estabelecidas pelos Klaxons, esse quarteto de Manchester se instaura como uma banda de rock essencialmente eletrônica. Arremessam a sonoridade e a forma convencionais de se tocar guitarra na lata de lixo e constroem um revival honesto para a Madchester da década de 80. Época em que os álbuns futuristas do New Order ditavam as ondas de rádio da cidade – algo oposto ao que na década de 90 se insurgiu com Oasis e Stone Roses. Dan Theman (bateria), James Cook (vocal), Matt Cocksedge (guitarra) e Richard Boardman (multi-instrumentista) definem o trabalho como “música eletrônica executada por uma banda de rock” e dão um tapa na cara no som animadinho e estritamente indie de conterrâneos como o The Courteeners.
– Manchester has this amazing history of bands who could mix rock and dance music. But that hasn't been done for ages. These days, Manchester just seems to get recognised for guitar bands like the Courteeners or the Ting Tings. We see it as our job to put dance music back on the map. We want to make music for massive warehouse parties – disseram os garotos ao The Guardian.



DELPHIC - Counterpoint

# GOLDEN SILVERS - Eu não duvido nada – apesar de não acreditar nenhum pouco no som – que essa bandinha cafona oitentista seja nova coqueluche dos ingleses em 2009. Sob a chancela do selo XL Recordings, que ano passado catapultou, aí sim, os talentosos Friendly Fires, Golden Silvers é uma farsa/piada pronta. Ao menos eles parecem saber disso: apelam desde o visual, passando pela sonoridade dance mais que datada até desembocar num single de motivos melódicos banais escoltados por um coro igualmente bocó e sem brilho. E sendo justamente o brilho/glitter o que eles tanto buscam... Assistam (ou não) True romance:

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