NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

domingo, 27 de dezembro de 2009

Girls, uma banda de outros tempos

Christopher Owens é o retrato de um cruzamento de gerações. Líder de uma das bandas mais cultuadas da atual cena indie, Girls, ostenta longos e desgrenhados cabelos loiros como os hippies dos 60 e os alternativos-grunges dos 90. E é exatamente como soa o disco de estreia da sua banda, Album, um mix de tudo o que se passou entre estes dois tempos. Deslizando pelo surf pop dos 50, a psicodelia dos 60, o shoegaze dos 80, o indie dos 90, Owens esquece os anos 00 para escrever sobre amores perdidos, inseguranças e incertezas que embaralham a cabeça de um adolescente mergulhado em bebedeiras e pirado em viagens narcóticas. Com melodias tão ensolaradas quanto melancólicas, desenrola canções confessionais e românticas como há muito não se vê. Fã de Beach Boys e Nirvana, Owens tem o colorido surfer de um como a angústica obscura e desesperada do outro. E assina refrãos ganchudos e melodias assobiáveis na linha de ambos. Seu estilo chapado-emaconhado faz lembrar o espírito livre de roqueiros de outro tempo, e navega longe do comportamento megalomaníaco e engomado de uma era irônica que lança aos montes ídolos vazios apertados em trajes bem cortados. Owens faz um tipão largado, mas repleto de charme. Fruto da aura desprendida de São Francisco, de quem leva a vida com o violão debaixo do braço. Seu encanto está na crueza, que o torna mais próximo, visceral e, talvez por isso, aparentemente mais real que os outros.

Hellhole ratrace:


Lust for life:


Laura: