NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A nova passarela do pop

Entra ano, sai ano, e a máquina propulsora do mundo pop nem sequer vislumbra um cessar-fogo. Todo o mês de janeiro é assim: uma nova e frenética rede de apostas é aberta, posicionando no centro do tabuleiro jovens e ambiciosos músicos à espera de ouvidos atentos que possam acalentar seus anseios de fama, status e dinheiro.

O Caderno B, assim como fazem anualmente a rede britânica BBC, a MTV e o semanário NME, se lança pela segunda vez ao desafio de apresentar 10 ilustres desconhecidos que podem se transformar, até o fim do ano, em novas estrelas do pop mundial.
São eles: Lady GaGa, White Lies, Little Boots, Florence and the Machine, The Virgins, VV Brown, La Roux, Empire of the Sun, Kid Cudi e Dan Black.


Eles terão a missão de assumir o espaço deixado pelas apostas de 2008, como as bandas MGMT e Foals, promessas que se cumpriram, virando verdadeiros fenômenos na Europa, nos Estados Unidos, assim como no Brasil, onde participaram do Tim Festival (MGMT) e Planeta Terra (Foals). Naquele ano, nomes como Adele, Duffy, The Wombats, Laura Marlin, Santogold e Friendly Fires também fincaram seus versos na Europa. Dawn Kinnard e Liam Finn não tiveram a mesma sorte.

Responsáveis pelas rédeas do circuito, os executivos da indústria fonográfica (agora nem tanto), assim como os produtores de rádio e TV e os jornalistas especializados já tratam de conectar seus fones de ouvido à web. Desde já, saem à caça das pérolas que irão rechear as páginas de jornais e revistas, line-ups dos principais festivais do globo e estampar as campanhas publicitárias para os novos gadgets e brinquedos eletrônicos por mais 12 meses. Ou quem sabe mais.

Lady Gaga: Influenciada por medalhões do pop e do rock como David Bowie, Queen, Michael Jackson e Madonna, Joanne Stefani Germanotta, 22 anos, trabalha ao piano suas composições. Canções da sua lavra já foram registradas por Fergie, Pussycat Dolls, Britney Spears, além de músicos do selo Konvict, capitaneado por Akon. Lançado no fim de 2008, seu début, The fame, é um amálgama de batidas retrô dançantes e melodias eletro glam. O singleJust dance já lidera os charts Pop e Hot 100 da Billboard. Faixas como Paparazzi e Poker facejá despontam nos principais clubes de Manhattan. Como ouvir: http://www.
myspace.com/ladygaga

Just dance


Florence and the Machine: Vencedora da categoria Escolha da Crítica do prêmio mais importante da música inglesa, o Brit Awards 2009, Florence Welch, 22 anos, conta com um dos singles mais pegajosos deste início de ano, a psicodélica Dog days are over. Vestida como uma hippie do século 21, a ruiva canta como uma Björk menos viajante e mais roqueira, ou como uma Karen O (Yeah, Yeah, Yeahs) menos estridente e mais melodiosa. A ascendente estrela indie versa por meio de fábulas enigmáticas e abstratas sobre sexo, violência e vingança. Como ouvir: http://www.myspace.com/florenceandthemachinemusic

Dog days are over


Little Boots: Já é um fenômeno da música inglesa. Eleita este ano como a nova aposta da música pela BBC, em enquete realizada com mais de 130 especialistas, Victoria Hesketh, 24 anos, já colhe os louros da fama em participações nos principais programas de rádio e TV da ilha. Além disso, a moça ficou em segundo lugar na Escolha da Crítica do Brit Awards 2009. A loura de olhos azuis pousa sua nave entre o pop futurista e a house music, mas lista como influências Joni Mitchell, David Bowie, Kate Bush, Gary Numan, além de Jamie Cullum, sobre quem escreveu uma tese para a University of Leeds, onde se formou em estudos culturais. Como ouvir: http://www.myspace.com/littlebootsmusic

Meddle


VV Brown: Bata no liqüidificador Amy Winehouse, Duffy e Lily Allen e adicione chocolate à mistura. O resultado é a vedete VV Brown. Ex-backing vocal de Madonna, Brown também é compositora requisitada, já tendo registrado suas canções em álbuns de artistas como Sugarbabes e The Pussycat Dolls. Nascida em Northampton, a cantora bebe de fontes como Elvis Presley, Aretha Franklin e Ella Fitzgerald, assim como do doo-wop dos anos 50 e dos grupos vocais femininos da década de 60. Produtora e instrumentista, VV se prepara para o lançamento de seu álbum de estréia, Travelling like the light. Como ouvir: http://www.myspace.com/vvbrown

Crying blood


Kid Cudi: O rapper americano não pode ser considerado dono dos insights e versos mais inteligentes, nem das batidas mais inventivas já criadas. Mesmo assim, sua capacidade de reunir com competência e originalidade as duas principais armas para um bom rap – além da megalomania – chamou a atenção do maior astro da cultura hip hop, Kanye West. Contratado pelo selo de West, GOOD Music, o novato está em turnê com o seu mentor, além de ter gravado participação em seu mais recente álbum, 808s & heartbreak. Enquanto ganha fama e trabalha em seu début, Man on the moon: The guardians, seu primeiro single, Day 'n' nite, já bate as primeiras posições nos principais charts da Billboard, aliando o rap ao pop de refrões assobiáveis. Como ouvir: http://www.myspace.com/kidcudi

Day 'n' nite


Empire of the Sun: Se os neo-hippies do MGMT deram o que falar em 2008, com sua psicodelia roqueira calcada em Flaming Lips e Rolling Stones, cabe ao duo australiano Empire of the Sun a missão de assumir o posto de banda mais esquisita do ano. Formado por Luke Steele (Sleepy Jackson) e Nick Littlemore (Pnaud), que já trabalhou com Sir Elton John e com o The Killers, a dupla aposta numa viagem cósmica e futurista baseada em filmes comoJornada nas estrelas e nas aventuras de Indiana Jones. Assim como grande parte dos novos artistas que despontam em 2009, o Empire of the Sun carrega o gene dos anos 80, abusando de melodias pop adornadas por batidas espaciais de sintetizadores. Nos vídeos para os singles do disco de estréia da banda, Walking on a dream, gravados em países como China, México e Islândia, eles aparecem vestidos como verdadeiros super-heróis. Como ouvir: http://www.myspace.com/empireofthesunsound

We are the people


La Roux: Ostentando um corte de cabelo estilizado, a ruiva Elly Jackson aposta em sua obsessão por sintetizadores pesados para levar o ouvinte a uma viagem de volta para o futurismo da década de 80. Para a jornada, propõe uma espécie de manifesto musical que urge pela eliminação das bandas indies, dos grupos vocais pop femininos e dos artistas que usam a dança como forma de escamotear seus dotes artísticos. Ao lado do músico inglês Langmaid, La Roux mergulha de cabeça em referências musicais como Eurythmics, Depeche Mode, Gary Numan, Heaven 17, Prince, Boy George e Blancmange. Disposta a mexer com o visual e com o som do pop moderno, a inglesa defende sua arte como entretenimento, e suas canções têm apelo épico, megalômano e teatral. Como ouvir: http://www.myspace.com/larouxuk

Dan Black: As canções que o inglês radicado em Paris Dan Black produz soam como se o cantor Sam Sparro deixasse de lado um pouco do seu vozeirão e da vertente soul que o consagrou a bordo do hit Black and gold, em 2008, e partisse para a fusão entre o pop, o rock e a eletrônica. Desde que deixou de lado o posto de líder da banda indie The Servants, Black vem chamando atenção como DJ nos clubes mais antenados da Europa. O cultuado radialista inglês Zane Lowe tratou sua versão para Hypnotize, do rapper Notorious BIG, como um dos melhores remixes de 2008. Cantor e compositor, Black se apóia em samples e batidas eletrônicas para moldar singles urgentes, como Alone e Yours. Como ouvir: http://www.myspace.com/danblacksound

The Virgins: O quarteto de Nova York paga tributo aos ícones do art rock, como Velvet Underground e Talking Heads. Na bagagem, carregam ainda as referências dançantes colhidas durante as andanças noturnas do vocalista Donald Cumming pelos principais clubes de Manhattan. Formado em 2006, o quarteto mescla a atmosfera crua e simples de uma banda de garagem com levadas funkeadas que fazem dos singles One week of danger, Private affair eRich girls hits nas rádios e pistas americanas e européias. Como ouvir: http://www.myspace.com/thevirginsnyc

White Lies: A nova promessa do indie rock britânico bebe da mesma fonte que os nova-iorquinos do Interpol e dos conterrâneos The Editors: o pós-punk cunhado por Ian Curtis à frente do Joy Division. O barítono encorpado do vocalista Harry McVeigh preenche arranjos esfumaçados, delineados por guitarras e camadas de teclados sintetizadores. Com produção de Ed Buller e Max Dingel (The Killers e Glasvegas), as gravações do álbum de estréia do trio londrino contou com uma pequena orquestra formada por 20 músicos. Como ouvir: http://www.myspace.com/whitelies

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