NOTAS SOLTAS E RUÍDOS ESCRITOS

terça-feira, 3 de junho de 2008

I belive in Santogold



Não é de hoje que o fascínio com a cena musical do Brooklyn vem fazendo a minha mente. Já há algum tempo que meus tímpanos vêm sendo massageados por nomes como TV on the Radio, Antibalas, Sharon Jones & the Dap Kings, Yeasayer, MGMT e, agora, aquela que é considerada a nova menina dos olhos, ou melhor, a menina dos ovos de ouro, Santogold.

Desde o início do ano tento um entrevistão com Miss santo-de-ouro através de seu educado e escorregadio assessor (embarreirador) de imprensa, Aleix Martinez. Em fevereiro, na primeira oportunidade, senhoritaouro, ainda em estúdio, terminava de mixar o seu debut e colhia os louros pelos hits incluídos em seu maravilhoso EP, "I believe in Santogold". Não só acreditei na história, como também em sua música, em especial "L.E.S. Artists", uma empolgante referência à cena artística do Lower East Side nova-iorquino.

Semanas depois, o gentil e fluido assessor acenou negativamente à mais uma investida. Como justificativa foi-me passado que santod`oro repousava sua beleza negra frente às câmeras de vídeo, em Londres, para registrar o primeiro videoclipe de sua carreira. Prometendo assim que fosse possível entrar em contato, o afetuoso e liso assessor já deveria esperar, no entanto, que o tal contato fosse feito antes mesmo que ele se lembrasse dos interesses de um repórter instalado nos confins da sulamérica... Ali, bem perto do Congo.

Há duas semanas, terceira insistência, fui informado que santidadeouro havia perdido sua voz em uma recente turnê européia. Comovido fiquei, à ponto de não mandar o filho de uma puta do assessor tomar no meio do cú ao pedir que retornasse em uma semana. Retornei e descobri que Aleix Martinez chama-se agora Gaspar e que Santogold talvez seja mero fruto de minha esquizofrenia.




Surgida nos arredores de Bedstuy e Bushwick, no Brooklyn, Santogold é o nome do projeto idealizado pela cantora Santi White, ex-vocalista da banda indie-punk de Nova York, Stiffed. Compositora e produtora executiva de seus trabalhos, White reúne uma série de influências musicais para seu primeiro vôo solo, como o dub e música pop da década de 80. Descrita por blogs e publicações especializadas como um mistura da incendiária Karen O., vocalista dos Yeah Yeah Yeahs, e da musa funk internacional, M.I.A., Santogold é um verdadeiro combo, um soundsystem que carrega consigo as melhores referências da música pop.

– Começamos tentando escrever canções pop comerciais, algo que nos deixou bastante deprimidos. Então, ao invés daquilo, começamos a escrever canções para nós mesmos – revela Santogold.

Registrado o endereço, Brooklyn, no myspace da moça, seu trabalho não poderia deixar de lado a faceta experimental que ronda a cena do bairro nova-iorquino. Como uma espécie de camuflagem, Santogold é o veículo perfeito para a musicalidade sem fronteiras de sua criadora. Navegando entre melodias enfumaçadas e linhas vocais chapantes, faixas como L.E.S. Artistes e You`ll find a way, do EP I believe in Santogold, são guiadas por contundentes linhas de baixo, big beats, riffs de garage rock, hip-hop, dub e pop.

– As respostas às nossas canções, mesmo antes de materizadas, têm sido, apesar de prematuras, fenomenais – entusiasma-se Santogold – Estamos muito felizes que as pessoas encontrem esperança nas nossas melódicas interpretações sobre a vida, que partem sempre de um campo de batalha pelo amor. Esperamos que cada jovem de vinte e poucos, de San Francisco a Mumbai, além de curtir nossa música, aprenda algo a partir deste trabalho.

Ao lado de John Hill, vulgo Johnny Rodeo, ex-baixista da Stiffed e membro do grupo de produtores nova-iorquinos Shitake Monkey, Santogold caiu nas graças dos maiores DJs e produtores do momento. Para colaborar em seu disco, recentemente lançado, Santogold arregimentou gente de peso, como o produtor Mark Ronson (Amy Winehouse), Disco D, Switch, Freq Nasty, Diplo, Radioclit, o líder do Spank Rock, Naeem Juwan, além da amiga e parceira M.I.A.

Incensada pela mídia britânica Santogold mostra-se muito mais talentosa do que M.I.A. Cotada para o TIM Festival 2008, a moça promete, se vier, um dos mais quentes shows da noite.


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